Folha de S. Paulo


Saiba como usar quatro ferramentas para abrir um negócio

Ferramentas clássicas de administração podem ser usadas para estruturar um novo negócio ou avaliar o seu desempenho; saiba como aplicar quatro desses modelos, com comentários de professores e consultores da área.

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Transformar ideias em um negócio tangível é a função do Business Canvas.

A ferramenta permite ilustrar o modelo do negócio através de um quadro em que se respondem quatro perguntas centrais: "O que é" (o diferencial da empresa), "para quem" (clientela e canais de relacionamento), "como" (as atividades exercidas e parcerias) e "quanto" (os custos da operação e as fonte de receita).

O Canvas pode ser criado de forma física, em um painel na parede com post-its, ou em forma de software, disponível na internet.

"A forma mais usada é por post-its, porque fica uma coisa mais lúdica",diz Yuri Cunha, professor da Business School São Paulo. Essa vertente facilita a colaboração de outros funcionários na elaboração.

O Canvas se tornou popular após o estouro da bolha da internet, nos anos 2000, quando muitas companhias quebraram.

A ferramenta pode ser usada no estágio inicial da empresa ou para tornar mais clara a operação de companhias já existentes. "O pequeno empresário aprende na prática, mas não tem a visão ampla de um gestor", afirma André Nardy, professor da Saint Paul Escola de Negócios.

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EMPRESA NO DIVÃ

Mais conhecida entre as quatro ferramentas descritas aqui, a Análise Swot promove o "autoconhecimento" da empresa observando perspectivas internas e externas.

"Não há grande empreendedor que não a conheça", diz Fabiano Nagamatsu, consultor do Sebrae-SP.

Consiste num quadrante, onde se elencam as forças, fraquezas, oportunidades (novos mercados) e ameaças (concorrência).

A análise pode ser feita no papel ou em programas básicos de computador, como Word ou Excel.

A partir da avaliação, é possível focar em fortalecer os diferenciais e corrigir deficiências -por exemplo, fazer convênio com um valet caso a empresa não ofereça vagas de estacionamento.

"Empreendedores costumam ser otimistas sobre o próprio negócio e esquecem de seus pontos fracos. A análise faz a empresa encarar seus problemas", afirma Yuri Cunha, professor da Business School São Paulo.

A vantagem da Swot é a sua simplicidade, diz André Nardy, professor da Saint Paul. "O risco é de ser feita de forma genérica e não gerar respostas específicas."

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ENTRE VACAS E ABACAXIS

Saber quais produtos priorizar e quais eliminar do portfólio da empresa é a função da Matriz BCG.

Através da ferramenta, cada item é qualificado pelo cruzamento entre a geração de lucro para a empresa e quanto demanda de investimento (do custo do produto ao marketing).

A equação classifica os produtos em quatro categorias: estrelas (alta rentabilidade e custo elevado), vacas-leiteiras (alta contribuição e investimento baixo), abacaxis (baixo investimento e pouco resultado) e pontos de interrogação (investimento alto com potencial desconhecido por serem novos no mercado).

Os abacaxis são mercadorias que podem ser descontinuadas ou merecem ter a estratégia repensada. Já os itens vacas-leiteira devem ser mantidos nesse patamar, enquanto as estrelas são interessantes, mas a meta para elas é baixar o investimento necessário.

"A BCG é mais útil para as empresas que não tenham portfólios muito grandes, porque envolve muitas análises", diz Fabiano Nagamatsu, consultor do Sebrae-SP.

"A matriz parte do princípio de que há informações de mercado, mas nem sempre a pequena empresa tem esses dados", observa Nardy, da Saint Paul.

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CAMINHO DA VITÓRIA

A mais estratégica das ferramentas, as 5 Forças de Porter servem para analisar o setor em que a empresa pretende entrar.

"É interessante para pequenas empresas terem uma ideia de como competir", diz André Nardy, da Saint Paul Escola de Negócios.

Como o nome diz, o estudo usa cinco fatores para ditar o posicionamento da empresa no mercado: a capacidade de negociar com fornecedores, o poder de barganha dos clientes, a rivalidade com concorrentes, produtos substitutos e a criação de barreiras para a entrada de empresas.

"Caso o negócio dependa de poucos clientes, e eles sejam grandes varejistas, isso é uma ameaça, porque o poder de barganha desses será alto", exemplifica Yuri Cunha, professor da Business School São Paulo.

"Considerando essas cinco dimensões e o grau de ameaça de cada uma, o empresário analisará se vale a pena investir no setor."

Por gerar essa reflexão, a aplicação da ferramenta é interessante sobretudo antes da abertura do negócio.

Colaborou Anna Rangel


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