Folha de S. Paulo


Operação Greenfield prorroga duas prisões e liberta três investigados

A pedido dos investigadores da Operação Greenfield, a Justiça Federal prorrogou nesta quinta-feira (8) por dois dias as prisões temporárias de dois dirigentes de fundos de pensão, Guilherme Narciso de Lacerda e Humberto Pires Grault Vianna, cujo prazo inicial de 72 horas venceria nesta quinta-feira. A prorrogação foi pedida pelo Ministério Público Federal sob o argumento de que precisava de mais tempo para a tomada dos depoimentos dos dois investigados.

Lacerda foi, até 2011, diretor presidente da Funcef, fundo de pensão dos funcionários da Caixa Econômica, e Vianna é o atual gerente de Participações do mesmo fundo de pensão.

OPERAÇÃO GREENFIELD
PF deflagra ação para investigar fraudes

A operação foi desencadeada na última segunda-feira (5) para investigar supostos prejuízos de R$ 8 bilhões em negócios de empresas com fundos de pensão de funcionários de empresas estatais.

O Ministério Público também confirmou que outros três investigados já foram soltos após serem ouvidos pela PF e pelos procuradores. São eles Maurício Marcellini Pereira, atual diretor de investimentos da Funcef, Demósthenes Marques, ex-diretor de investimentos da Funcef (entre 2008 e 2012), e Carlos Augusto Borges, atual diretor de Participações Societárias e Imobiliárias da Funcef.

A prisão temporária dos três foi revogada também por decisão judicial tomada pela juíza da 6ª Vara da Justiça Federal de Brasília, Ivani Silva da Luz, atuando como plantonista no feriado de Sete de Setembro.

No pedido de revogação das prisões temporárias, o Ministério Público informou que os três haviam apresentado "uma postura colaborativa nos depoimentos".

Outra pessoa sobre a qual incide uma prisão temporária emitida na Greenfield, Carlos Alberto Caser, diretor-presidente da Funcef entre 2011 e abril de 2016, está sendo ouvido nesta quinta-feira em Brasília.

Um sétimo alvo de prisão temporária, o ex-coordenador de Desenvolvimento de Negócios da Funcef Fábio Maimoni Gonçalves ainda não foi localizado pela PF e MPF.

As prisões foram pedidas pela PF e MPF ao juiz da 10ª Vara Federal de Brasília Vallisney de Souza Oliveira. A Greenfield também pediu e obteve o bloqueio judicial de até R$ 8 bilhões, que seria o valor correspondente aos supostos prejuízos detectados em pelo menos oito empreendimentos apoiado por FIPs (Fundos de Investimento em Participações). Os bloqueios começaram em todo o sistema financeiro nacional e as informações sobre o resultado das buscas passarão a ser enviadas à Justiça Federal.

OUTRO LADO

O advogado de Guilherme Lacerda, Rafael Favetti, afirmou que seu cliente "está muito tranquilo, tem a consciência tranquila" e negou quaisquer irregularidades na sua atuação na Funcef. "As questões que estão pesando sobre ele demandam conhecimento técnico em relação aos investimentos para serem compreendidas. Até porque as decisões eram tomadas em conselho deliberativo, eram decisões coletivas. Antes de votar os conselheiros recebiam todo um estudo prévio, não só jurídico, mas também sobre os valores dos negócios, era feita pelos setores competentes uma análise detalhada", disse Favetti.

"Não adianta ver a aplicação passada pela ótica de hoje. As decisões eram tomadas mediante as informações que se tinha na época", defendeu o advogado.

Defensor de quatro investigados na Greenfield, entre os quais Carlos Borges e Demósthenes Marques, o advogado Marthius Sávio Lobato afirmou que "não há qualquer fraude nem gestão temerária" nos casos em que seus clientes são investigados. "As análises e os processos internos diziam que os investimentos eram vantajosos para a Funcef à época. Não podemos avaliar com dados de 2016 uma performance de 2009. Era um outro cenário econômico também", disse Sávio.

Sobre os pedidos de prisão contra seus clientes, o advogado disse que foram "medidas muito drásticas e sem necessidade". "Eles nem tinham conhecimento do inquérito para poder prestar depoimento. Eles estão e sempre estiveram à disposição das autoridades para os esclarecimentos."

Em nota no último dia 5, a assessoria da Funcef afirmou que "prestará todas as informações necessárias" sobre a Operação Greenfield. "A Fundação reitera que está à disposição das autoridades competentes para prestar os esclarecimentos que vierem a ser solicitados".

A Folha não conseguiu localizar os advogados de Carlos Caser, Humberto Grault Vianna, Maurício Marcellini Pereira e Fábio Maimoni Gonçalves.


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