Folha de S. Paulo


Fundos de pensão dizem que vão colaborar com investigações da PF

Investigados pela Operação Greenfield da Polícia Federal, os fundos de pensão da Postalis (Correios), Petros (Petrobras), Previ (Banco do Brasil) e Funcef (Caixa) afirmaram que estão à disposição das autoridades e colaborando com as investigações.

As instituições não se pronunciaram sobre a prisão de ao menos cinco executivos e ex-executivos presos durante a operação.

Segundo a Polícia Federal, em 8 de 10 casos analisados na investigação foram realizados investimentos de forma temerária ou fraudulenta por esses fundos, usando FIPs (Fundos de Investimentos em Participações).

OPERAÇÃO GREENFIELD
PF deflagra ação para investigar fraudes

A Petros comunicou que está colaborando com as investigações e que a busca e apreensão limitou-se a investimentos decididos até 2011.

Já a Funcef disse que "possui rigorosos padrões éticos em todos os investimentos e na relação com seus participantes e assistidos e reafirma que está, como sempre esteve, à disposição das autoridades". Vai na mesma linha do Postalis, que afirmou ter "todo o interesse" em que os fatos sejam esclarecidos.

A Previ afirmou que "possui um modelo de governança maduro e transparente" e que a CPI dos Fundos de Pensão, concluída recentemente na Câmara dos Deputados, não constatou nenhuma irregularidade na instituição.

Para o juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília, que autorizou a deflagração da Operação Greenfield, as empresas pagavam pelas cotas de participação nas empresas mais do que elas de fato valiam. Assim, sofreriam um prejuízo "de partida", independente de o investimento ser bem-sucedido no futuro.

De acordo com o Ministério Público, foram identificadas irregularidades em negócios de empresas como Engevix, Sete Brasil, OAS, Gradiente, Eldorado, (controlada pela holding J&F, dona da JBS, uma das maiores empresas de alimentos do mundo).

Em nota, a J&F afirmou que os investimentos feitos por Petros e Funcef na Eldorado, citados pelo Ministério Público, foram de R$ 550 milhões no ano de 2009. O valor da participação dos fundos no negócio chegou a R$ R$ 3 bilhões em dezembro do ano passado, data do último laudo independente sobre o tema, afirmou a companhia.

Joesley e Wesley Batista, donos da J&F, foram alvos de busca e apreensão e condução coercitiva –Wesley depôs pela manhã, mas o irmão está em viagem aos EUA.

A empresa e executivos disseram que estão à disposição das autoridades.

Na mesma decisão, o juiz Vallisney determinou, como medidas alternativas à prisão preventiva, que um grupo de 40 investigados fosse suspenso de atividades nos mercados financeiro e de capitais, além da proibição de exercer função de direção em empresa ou grupo empresarial.

Entre os suspensos estão executivos e ex-executivos dos fundos Funcef, Postalis, além das companhias OAS, Engevix, Deloitte, Gradiente, Sete Brasil e Grupo WTorre.

Em nota, o Grupo WTorre, disse não ter relação direta com os fundos citados e que está à disposição das autoridades. A empresa de auditoria Deloitte disse que está colaborando, "fornecendo informações em relação a trabalhos realizados a cliente". A construtura Engevix também afirmou estar colaborando. Gradiente, Sete Brasil e OAS, cujo ex-presidente Léo Pinheiro foi preso nesta segunda, não comentaram.


Endereço da página:

Links no texto: