O dólar que ultrapassava os R$ 4 no começo do ano já parece um pesadelo distante para o brasileiro que planeja férias no exterior. Mas o patamar atual em torno de R$ 3,20 deve se manter nos próximos meses?
A julgar pela estimativa de economistas e pelas notícias econômicas no radar, é provável que sim.
Segundo projeção mais recente dos analistas consultados pelo Banco Central, a moeda americana deve fechar o ano em R$ 3,29, bem perto da cotação atual. O dólar fechou na última sexta-feira (2) a R$ 3,2495.
Algumas das explicações para essa queda expressiva da moeda neste ano são a entrada de dólares de investidores estrangeiros, em busca da taxa de juros de 14,25% ao ano, e a recuperação dos preços de matérias-primas no mercado internacional (como petróleo, minério de ferro e soja), que aumenta a receita de exportações em dólares do Brasil.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
A perspectiva de implementação de medidas de ajuste fiscal, que reduziria o risco da dívida brasileira, e a possível recuperação da economia também são fatores que ajudam a valorizar o real.
"Considerando que o governo Temer consiga avançar nas reformas fiscais, isso abrirá espaço para mais investidores estrangeiros entrarem no mercado, que oferece taxas de juros atrativas e perspectivas de melhora da economia", sugere Ignacio Crespo, economista da Guide Investimentos.
Mas nem tudo empurra o dólar para baixo.
A notícia de que a taxa básica de juros nos Estados Unidos pode subir até dezembro deve trazer oscilações maiores para a moeda e pode fazer com que ela se valorize.
Economistas consideram que o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) deve fazer uma única elevação na taxa neste ano -hoje ela está entre 0,25% e 0,50% ao ano. Juros mais altos nos EUA tendem a fazer investidores migrarem seus recursos para lá.
"A gente já incorpora, no nosso cenário, uma queda de juros no Brasil neste ano e uma alta nos Estados Unidos. Mas o diferencial ainda é alto e tende a atrair investidor que vê maior consenso político", diz Julia Gottlieb, economista do Itaú Unibanco. O banco espera que o dólar termine o ano a R$ 3,25, enquanto os juros brasileiros cairiam para 13,75% ao ano.
Outra notícia que pode levar o dólar para cima são indicadores ou notícias que despertem a aversão de investidores ao risco.
Como foi, por exemplo, o "brexit" (saída do Reino Unido da União Europeia). O choque de preços só não se prolongou porque bancos centrais reagiram injetando mais dinheiro em suas economias.
Mais uma vez esses recursos foram destinados a países emergentes. Sem reações desse tipo, o mais provável é que o dólar volte a subir.