Folha de S. Paulo


Preço baixo e crise da Petrobras travam busca por petróleo no país

Os baixos preços do petróleo e a crise da Petrobras travaram a busca por novas reservas do combustível no Brasil. No primeiro semestre, apenas 29 poços exploratórios foram concluídos.

Projeções do setor apontam que 2016 deve terminar com o número mais baixo de novos poços desde os anos 1950.

A queda na atividade deve resultar em impacto na produção futura, já que adia novas descobertas de petróleo..

"É uma baixa histórica", afirma o presidente da Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Petróleo (Abespetro), José Firmo.

A entidade prevê que 40 poços exploratórios serão perfurados neste ano, quase metade dos 77 de 2015.

Neste momento, há apenas três deles sendo perfurados no mar, onde as chances de grandes descobertas são maiores. Todos na área de Libra, a primeira leiloada sob o modelo de partilha da produção no pré-sal, em 2013.

Se confirmada a expectativa da Abespetro, será o pior número de poços desde 1957 —na época, a exploração era concentrada em terra.

Em 2011, ano de maior atividade após a descoberta do pré-sal, foram perfurados 236, com maior ênfase em campos marítimos.

NOVAS DESCOBERTAS EM XEQUE - Número de poços exploratórios

Atualmente, a Petrobras tem priorizado seus esforços no desenvolvimento de reservas já descobertas, com o objetivo de antecipar receita com a venda do petróleo.

Empresas privadas também reduziram os investimentos, por causa da crise internacional e da pouca oferta de novas áreas desde a descoberta do pré-sal.

Entre 2008 e 2013, enquanto discutia o novo marco regulatório do pré-sal, o Brasil não promoveu leilões de áreas petrolíferas. A oferta foi retomada em 2013.

"Paramos [a atividade] por escolhas nossas, como país. Esse processo de exploração tem um ritmo próprio, tem um ciclo de cinco a dez anos para virar produção", diz o presidente do Instituto Brasileiro do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (IBP), Jorge Camargo.

NOVAS DESCOBERTAS EM XEQUE - Total de frota de sondas marítimas

A entidade defende um calendário de leilões e o fim da exclusividade da Petrobras na operação do pré-sal, que está em discussão na Câmara dos Deputados.

"O pré-sal e as reservas não convencionais americanas foram descobertos mais ou menos na mesma época. O Brasil parou para pensar no que ia fazer. Os Estados Unidos bombaram e agora existem lá centenas de operadores", afirma o dirigente do IBP.

A retração no número de poços tem se refletido em toda a cadeia de fornecedores.

De acordo com a Baker Hughes (prestadora de serviços a petroleiras), o Brasil tinha, em julho, dez sondas de perfuração de poços marítimos –queda de 78% com relação às 46 de julho de 2011, recorde para o mês. "Basicamente, o motor da indústria petrolífera é o poço", afirma Firmo, presidente da Abespetro.


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