O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central anunciou nesta quarta-feira (31) a manutenção da taxa básica de juros (Selic) em 14,25% ao ano, conforme amplamente esperado pelo mercado. Ao contrário do que vinha acontecendo nos últimos meses, o órgão não disse que não há espaço para corte de juros.
Todos os 45 economistas e instituições consultados pela agência internacional Bloomberg previram a Selic estável nesta reunião. É a nona vez consecutiva em que o Copom decide que a taxa deve permanecer inalterada.
O governo de Michel Temer já trabalha com a possibilidade de a taxa de juros começar a cair só no próximo ano, diante do ritmo ainda lento de queda da inflação e da demora na aprovação das medidas fiscais propostas pelo governo.
Em comunicado, o Copom condicionou a redução da taxa básica de juros à queda da inflação e à redução da incerteza sobre o ajuste fiscal proposto pelo novo governo. O órgão diz que o cenário depende "que ocorra redução da incerteza sobre a aprovação e implementação dos ajustes necessários na economia, incluindo a composição das medidas de ajuste fiscal, e seus respectivos impactos sobre a inflação".
Confira a evolução da taxa Selic - Em % ao ano
Em maio, Temer acreditava que a Selic, referência de juros para o mercado financeiro, começaria a ser reduzida pelo Copom na reunião marcada para outubro.
Assessores presidenciais avaliam agora que as melhoras no cenário econômico ainda não são suficientes para o BC cortar a taxa de juros.
Em nota, o Copom afirma que "a inflação corrente segue pressionada, em parte em decorrência de preços de alimentos, e vem recuando em ritmo mais lento que o esperado".
"Sob as hipóteses do cenário de referência, a projeção [do Copom] para a inflação de 2017 encontra-se em torno da meta de 4,5%. No cenário de mercado, a projeção para 2017 recuou para 5,1%", diz o órgão, em nota. Para 2016, o Copom trabalha com um índice de 7,3%.
No boletim Focus, divulgado pelo BC na segunda-feira (29), economistas elevaram pela segunda semana seguida a projeção para a inflação neste ano e também aumentaram a previsão para o IPCA, índice oficial de preços, em 2017.
A pesquisa semanal do BC mostrou que a perspectiva para a inflação foi elevada de 7,31% para 7,34% em 2016. Para 2017, a projeção passou de 5,12% para 5,14%, ainda dentro da meta estabelecida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) —4,5% com 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Para 2018, a inflação estimada é de 4,5%.
A piora na avaliação deste ano ocorre após a prévia da inflação avançar 0,45% em agosto, ante 0,54% no mês anterior. Alimentos continuam pressionando os preços neste ano, mas em ritmo inferior ao verificado em julho.
No ano, a prévia da inflação acumula alta de 5,66%, bem abaixo dos 7,36% do mesmo período de 2015. No acumulado de 12 meses, a alta é de 8,95%.
A expectativa para a taxa de juros no Brasil foi mantida em 13,75% neste ano e passou de 11% para 11,25% em 2017, segundo o Focus.