Folha de S. Paulo


Empresários reciclam ponto comercial para ganhar clientela

Karime Xavier / Folhapress
O empresário Fábio Valente na nova sede da sua loja de bolos, na Vila Leopoldina (SP)
O empresário Fábio Valente na nova sede da sua loja de bolos, na Vila Leopoldina (SP)

Na Vila Leopoldina, zona oeste de São Paulo, uma loja de bolos fechou as portas. Mudou-se para algumas casas ao lado, na mesma rua, aproveitando um espaço maior que estava vazio.

Fabio Valente, 35, dono de outra loja de bolos a alguns quilômetros dali, não teve dúvidas. Transferiu a operação do seu negócio para o ponto recém-esvaziado.

"Abrir a empresa onde já funcionava outra do mesmo segmento permite canalizar o fluxo de clientes e aproveitar o consumo que já existia no local", afirma Valente.

Essa transferência de clientela, contudo, nem sempre é automática, explica Ana Paula Tozzi, presidente da consultoria de negócios GS&AGR.

"Se a loja anterior deixou uma boa imagem, cabe ao novo dono atender e de preferência superar essas expectativas para que o consumidor não vá procurar a marca antiga", diz Tozzi.

Nos casos em que o dono anterior fracassou nos negócios, o esforço é ainda maior.

"Não basta colocar uma faixa dizendo 'sob nova direção'", diz Tozzi. É necessário mudar a "cara" do local com uma grande reforma. "Só assim para o cliente dissociar a experiência ruim que já teve com aquele comércio."

AMOSTRA

Na onda do sucesso de seu concorrente, Valente fez apenas uma pequena reforma no espaço, com reparos de elétrica e hidráulica e o visual da sua marca, antes de inaugurar, em junho passado, a Saindo do Forno.

"Conheço o perfil do consumidor de lá, até porque moro no bairro. Sei que as pessoas fazem suas compras localmente, e queria estar mais próximo desse público", diz.

Valente não revela quanto exatamente gastou na transferência, mas diz que não foi muito menos que o valor necessário para montar uma loja nova do zero -entre R$ 100 mil e R$ 150 mil.

Para os clientes que questionam a mudança da loja, o empresário já tem preparado o discurso sobre a qualidade de seu produto -além de pedaços de bolo para degustação.

Na mesma Vila Leopoldina, o empresário Denis Moreira, 33, deve inaugurar neste mês seu novo empreendimento no ramo de alimentação: uma pizzaria.

Dono de outros cinco restaurantes na capital, três hamburguerias Snack Point e dois italianos Mamaggiore, ele optou pelas massas redondas por uma oportunidade de ocasião.

Moreira queria abrir uma churrascaria até ver o espaço vago por uma pizzaria tradicional do bairro cujos donos tiveram problemas na administração do local.

"Quando o ponto comercial é bom, só há vantagens em aproveitá-lo", diz o empresário, que espera atrair os saudosos do negócio fechado e também um público mais jovem, adepto do novo perfil: pizzas individuais, no estilo europeu.

Para isso, a pizzaria Mamaggiore recebeu investimento de R$ 1,2 milhão e ganhou um bar, uma adega para mais de mil garrafas, uma área para reuniões e confraternizações regadas a vinho e charutos e um amplo deck na área externa.


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