Folha de S. Paulo


Dólar se descola do exterior e sobe com incertezas sobre ajuste fiscal; Bolsa cai

As incertezas em relação à capacidade do governo do presidente interino Michel Temer de aprovar as medidas de ajuste fiscal no Congresso levaram o dólar a subir ante o real nesta quinta-feira (18). O mercado doméstico descolou-se do externo, onde a moeda americana perdeu força com as apostas de que os juros americanos não subirão no curto prazo.

Os investidores reagiram mal ao adiamento da votação da prorrogação da DRU (Desvinculação das Receitas da União) no Senado.

A votação da prorrogação da DRU até 2023 foi suspensa nesta quarta-feira (17) pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para evitar uma derrota do governo, que não tinha votos suficientes no plenário para aprovar a proposta.

A DRU permite que o governo federal aplique os recursos em qualquer despesa considerada prioritária. Ele também pode usar o dinheiro para fazer superavit primário e conter o aumento da dívida pública.

Renan marcou a conclusão da votação para a próxima terça-feira (23).

O Ibovespa fechou em baixa, apesar de as Bolsas terem subido nos Estados Unidos e na Europa.

Os juros futuros subiram, mas o CDS (credit default swap) brasileiro, espécie de seguro contra calote e indicador de percepção de risco, caiu.

CÂMBIO E JUROS

O dólar à vista fechou em alta 0,43%, a R$ 3,2395; o dólar comercial avançou 0,68%, a R$ 3,2330.

"O adiamento da votação da DRU trouxe preocupação ao mercado, com a percepção que não deve ser tão fácil como se esperava a aprovação das propostas do governo no Congresso", avalia Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora.

Também preocupa investidores o fato de a proposta do governo que limita o crescimento do gasto federal à inflação por até 20 anos enfrentar resistência de senadores.

DÓLAR
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NOTAS DE DÓLAR

Pela manhã, como tem feito diariamente, o Banco Central leiloou 15.000 contratos de swap cambial reverso (equivalentes à compra futura de dólares), no montante de US$ 750 milhões, o que contribuiu para a alta do dólar.

No mercado de juros futuros, o contrato de DI para janeiro de 2017 subiu de 13,985% para 13,990%; o DI para janeiro de 2018 avançou de 12,710% para 12,740%; e o DI para janeiro de 2021 passou de 11,890% para 11,950%.

O CDS brasileiro, porém, recuava 0,53%, aos 251,860 pontos.

BOLSA

Após ter renovado a pontuação máxima em quase dois anos nesta quarta-feira, o Ibovespa fechou em baixa de 0,27%, aos 59.166,01 pontos. O giro financeiro foi de R$ 6,4 bilhões.

Os papéis da Vale perderam 0,99%, a R$ 15,96 (PNA), e 1,04%, a R$ 18,92 (ON), seguindo a queda do minério de ferro na China.

No setor financeiro, Itaú Unibanco PN perdeu 0,19%; Bradesco PN, +0,27%; Bradesco ON, -0,09%; Banco do Brasil ON, -0,13%; Santander unit, +0,26%; e BM&FBovespa ON, -2,18%.

As ações da Petrobras subiram 0,94%, a R$ 12,88 (PN), e 1,81%, a R$ 15,18 (ON), beneficiadas pelo avanço do petróleo no mercado internacional pela sexta sessão consecutiva.

Ambev ON, outro papel de peso no Ibovespa, caiu 0,64%.

EXTERIOR

Na Bolsa de Nova York, o índice S&P 500 fechou em alta de 0,22%; o Dow Jones, +0,13%; e o Nasdaq, +0,22%. Os índices foram impulsionados pela alta do petróleo e pelo alívio com a ata do Fed.

Na Europa, a Bolsa de Londres terminou em alta de 0,14%; Paris, +0,44%; Frankfurt, +0,62%; Madri, +0,74%; e Milão, +0,88%.

Na Ásia, as Bolsas chinesas recuaram, pressionadas por papéis do setor financeiro, O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, caiu 0,25%, enquanto o índice de Xangai perdeu 0,17%.

No Japão, o índice Nikkei da Bolsa de Tóquio fechou com queda de 1,55%, pressionada pelo fortalecimento do iene. Além disso, as exportações Japão caíram em julho no ritmo mais rápido desde a crise financeira global.


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