Folha de S. Paulo


Trabalhadores da Mercedes protestam contra demissão de cerca de 2.000

Trabalhadores da fábrica da Mercedes-Benz em São Bernardo do Campo, na região do ABC paulista, protestaram nesta quarta (17) contra a demissão de cerca de 2.000 pessoas. Uma nova manifestação está marcada para a manhã desta quinta (18), na portaria da montadora.

Desde segunda (15), a produção da fábrica foi suspensa, e os aproximadamente 10 mil funcionários, deixados de licença remunerada.

Parte deles tem sido informada por telegrama sobre a demissão. O sindicato estima que entre 2.000 e 2.500 pessoas devem ser mandadas embora até o fim do mês.

A empresa não divulga o tamanho do corte. Em junho, porém, um executivo da Daimler, dona da marca Mercedes-Benz, havia anunciado em reunião com investidores na Alemanha a intenção de encerrar 2.000 postos na unidade brasileira.

A rescisão será efetivada no início do mês que vem. Como a Mercedes-Benz aderiu ao PPE (Programa de Proteção ao Emprego), a lei garante estabilidade aos funcionários até 31 de agosto.

O sindicato tenta negociar com a empresa a reversão da medida. Representantes da entidade e da montadora passaram a tarde de quarta reunidos, mas não chegaram a um acordo, segundo Sérgio Nobre, secretário-geral da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e funcionário da Mercedes-Benz.

Uma das propostas dos trabalhadores é a renovação do PPE, diz Nobre. A montadora, por meio de sua assessoria, nega que existam negociações em andamento.

CRISE

Desde 2013, a Mercedes-Benz vem adotando medidas para reduzir seu quadro de funcionários na fábrica de São Bernardo do Campo, que produz caminhões e ônibus.

Até o final do passado, 3.200 vagas foram cortadas no Brasil, de acordo com o balanço de resultados mais recente da Daimler. De janeiro a junho deste ano, a despesa da empresa com demissões foi de € 33 milhões. A expectativa é que o gasto chegue a € 100 milhões até dezembro, segundo o documento.

Além de ter aderido ao PPE, diminuindo jornada e salários, a empresa realizou layoffs (suspensão temporária do contrato de trabalho) e programas de demissão voluntária (PDVs). O último PDV, que ocorreu entre 1º de junho e 25 de julho, teve a adesão de 630 funcionários.

A montadora atribui a medida à queda na demanda em razão da desaceleração econômica, o que obrigou a empresa a diminuir a produção.

Entre janeiro e julho deste ano, a Mercedes-Benz vendeu 8.783 caminhões e 4.098 ônibus, queda de 23,2% e 27,7% em comparação ao mesmo período do ano passado, respectivamente.


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