Folha de S. Paulo


Jovens alemães terão de trabalhar até os 69 anos, alerta banco central

Kai Pfaffenbach/Reuters
Estátua do logo do euro vista na ex-sede do Banco Central Europeu, em Frankfurt
Estátua do logo do euro vista na ex-sede do Banco Central Europeu, em Frankfurt

Os jovens alemães terão de trabalhar por ainda mais tempo do que temiam para pagar pelas aposentadorias de seus pais, de acordo com o Bundesbank, o banco central alemão. Os cálculos do banco central contradizem as afirmações governamentais de que os aumentos na idade de aposentadoria já planejados bastarão para cobrir os custos dos cuidados com a população envelhecida do país.

Atualmente, os trabalhadores na maior economia da zona do euro podem se aposentar depois de 45 anos de trabalho ou aos 65 anos de idade. O governo planejou elevar gradualmente a idade mínima de aposentadoria para 67 anos, em 2029. Mas economistas do influente Bundesbank afirmaram que é improvável que isso baste para cobrir o custo de financiamento das pensões do número cada vez maior de aposentados que o país terá.

No lugar disso, a idade mínima de aposentadoria teria de subir mais dois anos, depois de 2029, para 69 anos por volta de 2060. Isso significa que um jovem de 25 anos que esteja entrando hoje na força de trabalho teria de trabalhar por quatro anos a mais do que a atual leva de aposentados —até os 69 anos.

O Bundesbank afirmou em seu mais recente boletim mensal, publicado nesta segunda-feira (15), que "em geral, existem provas de que uma vida profissional mais longa e uma idade mínima mais alta para aposentadoria devam voltar a ser consideradas".

O banco central acrescentou que elevar a idade de aposentadoria rumo aos 69 anos, entre 2030 e 2060, ajudaria a cobrir a lacuna de financiamento associada a um maior número de aposentados.
A primeira-ministra alemã Angela Merkel desconsiderou as afirmações do Bundesbank.

Steffen Seibert, porta-voz de Merkel, disse que o governo se manteria firme em seu programa de elevar a idade mínima de aposentadoria a 67 anos até 2029. "Isso é sensato dado o panorama de desenvolvimento demográfico [do país]", disse Seibert. "As coisas estão sempre em discussão e às vezes o Bundesbank também toma parte nessas discussões."

O relatório surge em meio a pressões políticas para beneficiar os aposentados, com objetivos eleitorais, já que a proporção dos aposentados que costuma votar é mais alta do que a proporção de jovens. Com eleições para o Bundestag [Legislativo] marcadas para o final de 2017 e duas eleições regionais no mês que vem, Merkel está ansiosa para evitar ver seu governo associado a planos impopulares de elevação da idade mínima para aposentadoria.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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