Folha de S. Paulo


Aerolíneas Argentinas quer diminuir a dependência de clientes brasileiros

Divulgação
Brasileira Isela Costantini, presidente da Aerolíneas Argentinas e ex-GM na Argentina
Brasileira Isela Costantini, presidente da Aerolíneas Argentinas e ex-GM na Argentina

Diante da depressão brasileira, a estatal Aerolíneas Argentinas está investindo no transporte de argentinos para o Brasil em detrimento do de brasileiros para a Argentina.

Uma das estratégias para se adequar à crise do país vizinho foi cancelar, no primeiro semestre deste ano, as rotas Brasília-Buenos Aires e Belo Horizonte-Buenos Aires, que focavam o transporte de brasileiros para a Argentina.

Para compensar, em setembro, a companhia começará a oferecer voos de Córdoba (a 700 km de Buenos Aires) para Porto Seguro.

A rota para Belo Horizonte foi estudada (em vão) semanalmente durante três meses em busca de alternativas que não o cancelamento.

"Nos doeu muito, mas vimos que a Gol, nosso sócio estratégico, também estava analisando as mesmas rotas que nós", disse nesta terça-feira (9) a presidente da empresa, a brasileira Isela Costantini.

Mesmo com o recuo na economia de um de seus principais mercados, a aérea registrou alta de 12,5% no número de passageiros transportados nos seis primeiros meses deste ano na comparação com o mesmo período de 2015.

O resultado deverá colaborar para que a Aerolíneas reduza seu deficit, que alcançou US$ 520 milhões em 2015, no último ano do governo de Cristina Kirchner (2007-2015).

A meta para 2016 era de que o Estado repassasse no máximo US$ 422 milhões em subsídios à empresa. Agora, Costantini estima que será possível ficar em US$ 266 milhões.

A companhia conseguiu fechar novos financiamentos com taxas de juros de 6,23%, o que permitirá uma economia de US$ 20 milhões –antes os juros chegavam a 16%.

Os cortes nos custos operacionais ficaram em 30%. Foram adotadas medidas como a redução de 3% para 1% na comissão paga às agências de viagem que vendem as passagens.

O ministro de Transporte da Argentina, Guillermo Dietrich, reafirmou que não existe interesse em abrir a empresa ao capital privado. "Continuará sendo estatal. Bem administrada pelo Estado também pode funcionar bem."


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