Folha de S. Paulo


Petróleo mantém o dólar em baixa, apesar de incerteza no cenário político

Apesar do mal-estar provocado por notícias sobre pré-acordos de delação premiada da Odebrecht, na Operação Lava Jato, o dólar fechou em leve baixa nesta segunda-feira (8). Entre os nomes citados nesses pré-acordos, apareceram os do presidente interino, Michel Temer, e dos ministros José Serra (Relações Exteriores) e Eliseu Padilha (Casa Civil).

O real foi beneficiado pela forte alta do petróleo no mercado internacional. Já o Ibovespa fechou com um pequeno recuo, seguindo o movimento na Bolsa de Nova York, em uma sessão marcada pelo baixo volume financeiro.

Reportagem da Folha revelou, neste domingo (7), que funcionários da Odebrecht afirmaram a investigadores da Lava Jato que a campanha de Serra à Presidência, em 2010, recebeu da empresa R$ 23 milhões por meio de caixa dois. O ministro nega irregularidades e afirma que sua campanha ocorreu dentro da lei.

A revista "Veja" também afirmou, na edição desta semana, que a Odebrecht deverá dizer, em uma eventual delação, que o dono da empresa, Marcelo Odebrecht, participou em 2014 de um almoço no Palácio do Jaburu com Temer e Padilha no qual o atual presidente interino teria pedido "apoio financeiro" às campanhas do PMDB, o que teria resultado no pagamento de R$ 10 milhões "em dinheiro vivo" entre agosto e setembro do mesmo ano. Eles negam a acusação.

Incertezas em relação à renegociação das dividas dos Estados com a União também pressionaram o mercado doméstico.

CÂMBIO E JUROS

O dólar comercial fechou em queda de 0,06%, a R$ 3,1680, renovando a cotação mínima desde 16 de julho de 2015 (R$ 3,1580). A moeda americana à vista caiu 0,21%, a R$ 3,1793 —menor valor desde 21 de julho de 2015 (R$ 3,1735).
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A forte alta do petróleo no mercado internacional beneficiou moeda de países emergentes como o Brasil.

O petróleo Brent, negociado em Londres, subia 2,10%, a US$ 45,20 o barril; o petróleo tipo WTI, negociado em Nova York, ganhava 2,54%, a US$ 42,86 o barril.

O motivo para o avanço da commodity é que o ministro de Energia do Catar e atual presidente da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), Mohammad bin Saleh al-Sada, disse nesta segunda-feira (8) que o mercado de petróleo está a caminho de se reequilibrar, apesar da recente queda nos preços globais.

Ele acrescentou que a Opep mantém conversas contínuas sobre a estabilização do mercado. Um encontro informal dos países membros da organização está agendado para acontecer em setembro e poderá discutir um possível congelamento da produção.

Entretanto, as incertezas provocadas pelo surgimento dos nomes de Temer, Serra e Padilha em pré-acordos de delação premiada impediram uma valorização maior do real. "A série de notícias de possíveis delações premiadas envolvendo o governo interino causa mal-estar e deixa o investidor com um pé atrás", comenta Reginaldo Galhardo, operador de câmbio da Treviso Corretora.

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NOTAS DE DÓLAR

Além disso, o Banco Central leiloou pela manhã mais 10.000 contratos de swap cambial reverso, no montante de US$ 500 milhões.

O mercado de juros futuros também reagiu com cautela ao cenário político, O contrato de DI para janeiro de 2017 subiu de 13,960% para 13,975%; o contrato de DI para janeiro de 2018 avançou de 12,710% para 12,740%; e o DI para janeiro de 2021 passou de 11,850% para 11,950%.

O CDS (credit default swap) brasileiro, espécie de seguro contra calote e indicador de percepção de risco, porém, perdia 0,82%, aos 270,950 pontos.

BOLSA

O Ibovespa fechou em baixa de 0,04%, aos 57.635,43 pontos. O giro financeiro foi de R$ 5,5 bilhões, mais baixo do que nas sessões anteriores.

"O índice passou por uma correção, após as recentes altas, e as turbulências no cenário político também causaram estresse", avalia Rafael Ohmachi, analista da Guide Investimentos.

As ações da Petrobras subiram 2,23%, a R$ 11,91 (PN), e 3,69%, a R$ 13,75, impulsionadas pela alta do petróleo no mercado internacional.

Os papéis da Vale ganharam 0,76%, a R$ 15,74 (PNA), e 0,05%, a R$ 18,98 (ON).

No setor financeiro, Itaú Unibanco PN perdeu 0,65%; Bradesco PN, -0,99%; Bradesco ON, -0,23%; Banco do Brasil ON, -0,23%; Santander unit, +0,57%; e BM&FBovespa ON, -1,98%.

Ainda no setor, as ações ON da BB Seguridade caíram 1,02%, a R$ 29,97. A companhia teve lucro líquido de R$ 1,09 bilhão no segundo trimestre, queda de 10,6% em relação ao mesmo período de 2015. A empresa reduziu a projeção de crescimento do lucro líquido ajustado para este ano para entre 4% e 8%. Antes, a faixa ia de 8% a 12%.

EXTERIOR

Na Bolsa de Nova York, os índices recuaram, após fecharem em forte alta na sexta-feira (5). O índice S&P 500 encerrou a sessão em queda de 0,09%; o Dow Jones, -0,08%; e o Nasdaq, -0,15%.

Na Europa, a fechou em alta de 0,23%; Paris, +0,11%; Frankfurt, +0,63%; Madri, +0,27%; e Milão, +0,71%..

Na Ásia, as Bolsas também subiram, apesar de dados fracos da balança comercial chinesa. O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, teve alta de 0,91%, enquanto o índice de Xangai ganhou 0,94%.

Em Tóquio, o índice Nikkei avançou 2,44%, reagindo positivamente a dados de emprego nos Estados Unidos de julho acima das expectativas, divulgado na sexta-feira (5).


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