Folha de S. Paulo


Para economistas, ajuste fiscal pode ser pouco para deixar recessão

A percepção de que a crise do setor privado é de difícil solução tem levado alguns economistas a defender a tese de que, para sair da recessão, corrigir os desequilíbrios do governo será insuficiente.

Felipe Rezende, professor da universidade suíça Hobart e William Smith Colleges, acredita, por exemplo, que há um erro de diagnóstico nas soluções para sair da crise.

"Apesar do forte corte de gastos que as empresas fizeram, a situação não melhora, em razão dos prejuízos ou da queda dos lucros", diz.

Para ele, a esperada queda dos juros e o consequente aumento do crédito também não serão suficientes para tirar as empresas do atoleiro.

"É preciso reconhecer que o deficit público neste momento é necessário", acrescentou, recomendando que o governo reduza impostos para ajudar as empresas.

Analistas do mercado financeiro consideram o equilíbrio das contas públicas essencial, mas começam a difundir a ideia de que, mesmo se forem aprovadas, as medidas de ajuste fiscal propostas pelo governo não bastarão para tirar o país da crise.

Um banqueiro ouvido pela Folha sob condição de anonimato defende saídas como a redução dos depósitos compulsórios dos bancos para facilitar a retomada da concessão de crédito às empresas.

Para o professor do Insper Paulo Furquim, a crise é grave e de difícil solução, mas poderá deixar consequências positivas no longo prazo. Segundo ele, o setor público encolherá e as empresas privadas mais eficientes sobreviverão, dando impulso a um movimento de aquisições.

"As empresas que sobreviverem serão as que fazem algo diferente", diz. Furquim também acha que a Lava Jato levará a melhorias na governança das empresas.


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