Folha de S. Paulo


Estúdio vai produzir fitas cassete em São Paulo

Marcelo Justo/Folhapress
SÃO PAULO, SP, 04.jul.2016: Fernando Lauletta, sócio-proprietário do estúdio FlapC4, que está investindo no retorno do mercado de fitas cassete, na Bela Vista, em SP. (Foto: Marcelo Justo/Folhapress) ***MERCADO*** ORG XMIT: AGEN1011190542353465
Empresa paulistana aposta na volta das fitas cassete

Depois do vinil, agora é a vez de voltar a ouvir música com chiado de fundo com a volta das fitas cassete.

Em São Paulo, o produtor musical e sócio do estúdio FlapC4 Fernando Lauletta aposta nesse mercado. O estúdio adquiriu em março uma máquina copiadora de cassetes, com investimento de R$ 50 mil. Ela tem capacidade de gravar até cem fitas por hora.

"Se não fosse por complicações de importação, já estaríamos produzindo essas primeiras 5.000 fitas que compramos", disse Lauletta.

Há meses, o produtor tenta importar as fitas virgens, mas esbarra em burocracias locais, dos EUA e do Canadá. Desde 2000, as fitas não são mais fabricadas no Brasil.

Nos próximos meses, porém, elas já poderão ser, em parte, feitas por aqui. "Nós conseguimos um fornecedor que tem os moldes antigos e que fará a moldura plástica. A fita magnética será importada em rolos", diz Lauletta.

As primeiras matrizes que chegarem serão para gravação de músicas de artistas independentes. "Essa procura é mais da galera do rock, do metal e do rap. São artistas que estão fora do 'mainstream' [mercado comercial da música]. Eles vendem as fitas como suvenires em shows", afirmou o produtor.

O custo para a banda que for gravar suas músicas em cassete será de R$ 11 a R$ 15.

A Livraria Cultura tem interesse em trazer os cassetes importados dos artistas que lançam seus produtos na velha mídia, mas ainda não há data para isso acontecer.

No Rio de Janeiro, um grupo de músicos da cena de rock independente carioca criou o Cassete Club, um projeto de gravações de singles em fita cassete, comandado por Lê Almeida e João Casaes.

Os artistas criaram um selo e têm lançado vários discos de bandas independentes em cassetes. "Sempre tive envolvimento grande com essa mídia. Existe uma textura de som que só se alcança com a fita", afirma Almeida.

Eles gravam as matrizes e mandam para uma fábrica na Argentina com tiragem de até cem unidades. O custo de uma fita produzida no país vizinho é de R$ 8. As bandas costumam vendê-las por R$ 20. O preço é inferior ao praticado no lançamento de um CD, em torno de R$ 35. Já um vinil nacional custa cerca de R$ 90.

Almeida associa a alta da procura à recessão, pois os custos das fitas são menores que os do vinil e do CD.


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