Folha de S. Paulo


BC britânico corta juros pela primeira vez desde 2009 e compra títulos

Niklas Halle'n/AFP
Banco central britânico corta juros pela primeira vez desde 2009
Banco central britânico corta juros pela primeira vez desde 2009

O banco central britânico cortou nesta quinta-feira (4) a taxa de juros pela primeira vez desde 2009 e disse que vai comprar mais 60 bilhões de libras em títulos públicos para aliviar o impacto da votação de 23 de junho para o Reino Unido deixar a União Europeia.

O Banco da Inglaterra informou ainda que tomará "qualquer ação que for necessária" e que espera estagnação da economia para o restante de 2016 e fraco crescimento ao longo do próximo ano. A taxa de juros foi cortada de 0,50% para 0,25%, em linha com as expectativas do mercado.

O banco central também lançou dois novos programas, um para comprar 10 bilhões de libras em títulos de empresas com grau de investimento e outro, potencialmente no valor de 100 bilhões de libras, para garantir que os bancos mantenham empréstimos mesmo após o corte dos juros.

A libra caiu 1% em relação ao dólar após o anúncio, enquanto os rendimentos de títulos do governo britânico atingiram mínimas recordes e o principal índice de ações subiu 1%.

A maioria dos membros do comitê de política monetária do Banco da Inglaterra também espera que o banco corte os juros novamente neste ano à taxa "perto, mas um pouco acima de zero" se a economia tiver desempenho tão ruim quanto previsto.

O corte nos juros e a medida, que pretendem assegurar que os bancos repassem para os consumidores, ganharam o apoio unânime.

Mas três autoridades se opuseram a elevar a meta para a compra de títulos do governo do total de 375 bilhões de libras alcançados no final de 2012 para 435 bilhões de libras.

O Banco da Inglaterra manteve sua previsão de crescimento deste ano em 2%, após a economia crescer mais rápido no primeiro semestre do que era esperado em maio.

O banco central aumentou suas previsões de inflação, devido à grande desvalorização da libra desde a crise financeira, prevendo que ela vai bater 2,4% em 2018 e 2019.

O presidente do Banco da Inglaterra, Mark Carney, disse que "o banco continua preparado para tomar qualquer ação que for necessária para atingir seus objetivos para a estabilidade monetária e financeira, na medida que o Reino Unido se ajusta às novas realidades e avança para aproveitar novas oportunidades fora da UE".

O ministro das Finanças, Philip Hammond, saudou o corte nos juros e disse que ele e Carney têm "as ferramentas que nós precisamos para dar suporte à economia."

BREXIT

O presidente do banco central britânico, Mark Carney, disse que o plebiscito no qual o Reino Unido decidiu deixar a União Europeia marcou uma "mudança de regime" para a economia e que se ajustar a essa nova realidade pode se mostrar difícil.

A política monetária sozinha não pode compensar imediatamente ou por completo o choque da votação, disse Carney, após o Banco da Inglaterra cortar a taxa de juros.


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