Folha de S. Paulo


Argentina e México assinam acordo em direção ao livre comércio

Wolfgang Kumm/Associated Press
Argentina's President Mauricio Macri speaks during a joint news conference with German Chancellor Angela Merkel at the chancellery in Berlin, Germany, Tuesday, July 5, 2016. (Wolfgang Kumm/dpa via AP) ORG XMIT: LGL120
Mauricio Macri, presidente da Argentina

Os presidentes da Argentina, Mauricio Macri, e do México, Peña Nieto, assinaram um tratado na manhã desta sexta (29) para aprofundar as relações dos países em direção ao livre comércio.

Trata-se de um memorando de entendimento para ampliar o ACE-6, acordo de complementação econômica que concede tarifas especiais à importação de alguns produtos. Ainda não há definições sobre quais mercadorias serão incluídas no tratado. As discussões sobre o assunto deverão começar agora.

"O acordo [ACE-6] não sofria alteração havia 29 anos. Hoje resolvemos aprofundá-lo. Isso nos permite aspirar, em um futuro não muito longe, um acordo de livre comércio", disse Peña Nieto.

O México e outros latino-americanos podem negociar acordos bilaterais com países do Mercosul sem que seja necessário que todos os membros do bloco se envolvam no tratado. O Brasil, por exemplo, já tem uma relação mais aberta com o México.

No ano passado, Argentina e México comercializaram US$ 2,6 bilhões, com um deficit de US$ 1 bilhão para o primeiro. Desde 2013, as transações entre os países estão em queda.

Para efeitos de comparação, o intercâmbio entre Brasil e Argentina ficou em US$ 23 bilhões no ano passado e entre Brasil e México em US$ 8 bilhões.

Além do acordo comercial, foram firmados outros 16 documentos de cooperação em áreas como segurança e turismo.

Peña Nieto chegou na noite de quinta (28) a Buenos Aires, em mais uma visita de um líder internacional à Argentina, que voltou a se inserir na política e no comércio global após Macri assumir a Presidência, em dezembro. Durante os últimos 12 anos, o governo kirchnerista (2003-2015) havia se fechado gradualmente e fortalecido sua relação apenas com Venezuela e China.

"Nesta nova etapa que começamos em nosso país, queremos trabalhar articuladamente com o mundo, assim como o México vem fazendo.", disse Macri.

O chefe de Estado mexicano afirmou aprovar as alterações, de caráter mais liberal, feitas pelo presidente argentino e destacou que o processo de mudança costuma ter "resistências, mas é positivo".

Do lado de fora da Casa Rosada, manifestantes protestaram contra o encontro dos líderes. A música argentina María Compagno, 31, que viveu por cinco anos no México, disse que Peña Nieto não atua contra a impunidade de grupos criminosos.

Compagno lembrou dos 43 estudantes desaparecidos em 2014, um caso que virou um dos maiores escândalos de segurança do governo de Peña Nieto.

Entidades como Avós da Praça de Maio e Mães da Praça de Maio Linha Fundadora publicaram um documento em que afirmam que o governo de Peña Nieto ignora um padrão -evidenciado pelo caso dos 43 estudantes- "de violação e absoluta impunidade que caracteriza o México hoje".


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