Folha de S. Paulo


Banco central do Japão expande estímulos, mas alívio decepciona

Kim Kyung-Hoon/Reuters
Presidente do Banco do Japão, Haruhiko Kuroda, após aumentar programa de estímulos
Presidente do Banco do Japão, Haruhiko Kuroda, após aumentar programa de estímulos

O banco central do Japão expandiu o estímulo monetário nesta sexta-feira (29) ao dobrar as compras de fundos de índices (ETFs), sucumbindo à pressão do governo e dos mercados financeiros por uma ação mais ousada, mas decepcionou investidores que esperavam medidas mais audaciosas.

O Banco do Japão afirmou que vai realizar uma avaliação minuciosa dos efeitos da taxa de juros negativa e de seu forte programa de compra de ativos em setembro, sugerindo que uma grande revisão pode estar vindo.

O presidente do banco central, Haruhiko Kuroda, afirmou que o banco vai revisar o programa não porque suas ferramentas acabaram, mas para chegar a maneiras melhores de alcançar a meta de inflação de 2% —mantendo vivas as expectativas de mais afrouxamento monetário.

"Não acho que alcançamos os limites tanto em termos de possibilidade de mais cortes de juros quanto de elevação de compras de ativos", disse Kuroda após a reunião de política monetária.

"Vamos é claro avaliar o que fazer em termos de medidas de política monetária, com base no resultado da avaliação."

Na reunião finalizada nesta sexta-feira, o Banco do Japão decidiu aumentar as compras de ETFs para que seu portfólio total aumente a um ritmo anual de 6 trilhões de ienes (US$ 58 bilhões), contra os atuais 3,3 trilhões de ienes. A decisão foi por uma votação de 7 a 2.

Mas o banco central manteve a meta da base monetária em 80 trilhões de ienes (US$ 775 bilhões), assim como o ritmo de compras de ativos, incluindo títulos do governo japonês.

Também manteve a taxa de juros de 0,1% que cobra de uma porção de reservas em excesso que as instituições financeiras deixam no banco central.

"O Banco do Japão não correspondeu às expectativas", disse o economista sênior do Mizuho Securities, Norio Miyagawa. "Aumentar as compras de ETFs não dá nenhuma contribuição para atingir inflação de 2%. O banco central não vai admitir isso, mas atingiu os limites do afrouxamento quantitativo e juros negativos."

Ao coordenar a sua ação com o pacote de estímulos prometido pelo governo de US$ 272 bilhões, o Banco do Japão provavelmente busca maximizar o efeito de suas medidas sobre uma economia que luta para escapar de décadas de estagnação.

"O Japão está conduzindo uma poderosa combinação de política fiscal flexível e afrouxamento quantitativo", disse Kuroda. "O pacote de estímulo do governo ajuda a reforçar esse movimento e é oportuno para alcançar um crescimento sustentável com estabilidade de preços."

O Banco do Japão ainda manteve suas projeções otimistas para a inflação nos anos fiscais de 2017 e 2018 em uma revisão trimestral. Também manteve seu cronograma para atingir a meta de inflação de 2%, mas alertou que as crescentes incertezas podem provocar atrasos.


Endereço da página: