Um caminho difícil de cerca de 14 km percorrido de bicicleta inspirou André Arcas, 34, a criar uma start-up para ajudar na mobilidade.
Arcas estudava direito na USP (Universidade de São Paulo) e tinha que se deslocar entre aulas no centro e no Butantã, na zona oeste.
"Eu ficava indignado por levar cerca de uma hora no trajeto. Tentei vários caminhos, mas o trânsito e a topografia difícil sempre atrapalhavam", lembra.
O jovem criou então o Woole, aplicativo que permite aos ciclistas pesquisar uma rota com critérios como elevação, segurança e distância.
A plataforma tem ainda ferramentas para encontrar bicicletários, vestiários e lojas ligadas ao ciclismo.
Ainda em fase de testes, a Woole já teve cerca de 300 acessos e funciona somente em São Paulo. Até o final do ano, o aplicativo estará disponível para Android e iOS, de forma gratuita.
"Hoje, nossos usuários são jovens entre 25 e 35 anos, que usam o serviço para ir ao trabalho", diz Arcas, que trabalha na Woole nas horas vagas da carreira de consultor e treinamento de oratória.
Outra iniciativa inspirada em uma dificuldade própria é o PickMeApp, que trabalha com parcerias para transportar quem está na balada.
Rômulo Carvalho, 23, teve a ideia após um sufoco na hora de achar com quem voltar para a casa depois de uma festa em Belo Horizonte.
"Queria uma forma de transporte compartilhado, sustentável e divertido", diz.
O aplicativo intermedeia o contato entre estabelecimentos comerciais, clientes e motoristas de vans.
As vans buscam os usuários no local que desejarem e levam para os eventos, que arcam com os custos do transporte. Ao final, eles são levados de volta.
As baladas, afirma Carvalho, conseguem até 30% de aumento nas vendas com a parceria no transporte.
O app é gratuito e já teve mais de 7.000 downloads em Android e iOS. São mais de 200 motoristas cadastrados.
A previsão de faturamento é de R$ 150 mil em 2016.
MOTORIZADO
Não é apenas com ferramentas on-line que as start-ups de mobilidade se destacam. Em São José dos Campos (SP), Julio Oliveto, 31, criou o Livre, um kit que transforma qualquer cadeira de rodas em um triciclo elétrico motorizado.
É um equipamento portátil, que pode ser acoplado sem auxílio de ninguém.
A ideia surgiu em 2009, como tese de mestrado em engenharia mecânica na Unesp (Universidade Estadual Paulista). Virou negócio cinco anos depois, com um investimento de R$ 160 mil.
A estrutura, que custa a partir de R$ 4.990, é feita de aço carbono e funciona com um motor elétrico que possui autonomia de 20 a 25 km, de três a quatro horas de uso.
"As pessoas usam o produto para atividades diárias, como ir ao mercado, situações que muitos evitavam pela falta de acessibilidade nas vias das cidades", diz.
A empresa já vendeu kits para 16 Estados, além de EUA e Austrália. O negócio ainda não dá lucro e deve alcançar o ponto de equilíbrio, quando não dá mais prejuízo, no próximo ano.