Folha de S. Paulo


Bolsa sobe com Vale e siderúrgicas; dólar avança com exterior e BC

Pilar Olivares/Reuters
Prédio da Vale no centro do Rio de Janeiro: empresa firmou acordo com australiana Fortescue
Prédio da Vale no centro do Rio de Janeiro

As Bolsas globais operam sem direção única nesta quinta-feira (21). Os investidores reagem a resultados corporativos e à ausência de estímulos monetários pelos bancos centrais.

Com o cenário externo indefinido, o Ibovespa opera em alta, impulsionado pelos papéis da Vale e de siderúrgicas, enquanto o dólar se valoriza, influenciado por mais uma ação do Banco Central no câmbio.

Os investidores reagem ainda ao tom do comunicado do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, que reiterou não haver espaço para flexibilização da política monetária. Com isso, os juros futuros sobem.

Diante desse quadro, analistas reforçam as estimativas de corte da taxa básica de juros (Selic) somente a partir de outubro deste ano.

"O BC foi mais detalhista; traçou riscos domésticos que poderiam comprometer o seu cenário-base. Em suma: não mudou a nossa expectativa, e o ciclo de queda de Selic não deve começar antes do quarto trimestre", escrevem analistas da Guide Investimentos, em relatório.

O mercado também reage ao IPCA-15 de julho, que veio acima das expectativas. A prévia da inflação oficial foi de 0,54% em julho, acima do registrado em junho (0,40%). Economistas esperavam que o indicador ficasse em 0,45%.

DÓLAR
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NOTAS DE DÓLAR

O contrato de DI para janeiro de 2017 avança de 13,835% para 13,935%; o contrato de DI para janeiro de 2021 sobe de 11,920% para 11,930%.

O CDS (credit default swap) brasileiro de cinco anos tinham leve alta de 0,06%, aos 287,399 pontos.

No mercado de câmbio, o dólar à vista subia 0,12%, a R$ 3,2593, enquanto o dólar comercial ganhava 0,30%, a R$ 3,2600.

O BC leiloou pela manhã mais 10.000 contratos de swap cambial reverso, no montante de US$ 500 milhões. Com isso, a autoridade monetária reduziu seu estoque de swap cambial tradicional (equivalente à venda futura de dólares) para US$ 55,635 bilhões.

Segundo operadores, a ausência de estímulos monetários pelos bancos centrais reduziu o fluxo de dólares para o país.

BOLSA

O Ibovespa oscila entre altas e baixas e há pouco subia 0,13%, aos 56.649,85 pontos.

As ações da Vale subiam 3,30%, a R$ 14,08 (PNA), e 4,84%, a R$ 17,31 (ON), seguindo a alta de mais de 2% do minério de ferro na China.

A mineradora divulgou nesta manhã seu relatório de produção do segundo trimestre. A Vale produziu 86,8 milhões de toneladas de minério de ferro no período, queda de 2,8% na comparação anual. O dado ficou acima das projeções do mercado, que eram de 86 milhões de toneladas.

Entre as siderúrgicas, CSN ON subia 6,24%; Gerdau PN, +1,90%; e Usiminas PNA, +9,23%.

Os papéis da Petrobras ganhavam 1,01%, a R$ 11,94 (PN), e 1,90%, a R$ 13,21 (PN), apesar da queda do preço do petróleo no mercado internacional.

No setor financeiro, Itaú Unibanco PN perdia 0,26%; Bradesco PN, -0,51%; Banco do Brasil ON, -0,74%; Santander unit, -0,15%; e BM&FBovespa ON, +0,36%.

EXTERIOR

No cenário externo, declarações do presidente do banco central japonês, Haruhiko Kuroda, descartando medidas de estímulo mais agressivas no Japão decepcionaram investidores.

A Bolsa de Tóquio subiu 0,77% nesta quinta-feira, antes das declarações de Kuroda. As Bolsas chinesas também avançaram.

Na Bolsa de Nova York, o índice S&P 500 perdia 0,06%; o Dow Jones recuava 0,09%; e o Nasdaq, +0,12%. Os índices reagem a resultados corporativos relativos ao segundo trimestre.

As ações da Intel recuavam mais de 4% depois de a empresa de tecnologia reportar crescimento mais lento em sua divisão de chips para servidores. Os papéis da American Express caíam 1,5% por ter registrado receita abaixo das estimativas. As ações da Southwest Airlines perdiam 9% por causa do balanço considerado decepcionante por analistas.

Na Europa, diante da falta de estímulos monetários pelos BCs, a Bolsa de Londres recuava 0,11%; Paris, -0,06%; Frankfurt, +0,19%; Madri, +0,13%; e Milão, +0,28%.

O BCE (Banco Central Europeu) manteve inalteradas suas taxas de juros, conforme esperado, mas o presidente da instituição, Mario Draghi, sinalizou novas medidas de estímulos, caso seja necessário.

Draghi afirmou ainda ser "muito cedo" para determinar o impacto total da decisão do Reino Unido de deixar a União Europeia na economia do bloco.


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