Folha de S. Paulo


Bolsa fecha em baixa após 10 altas consecutivas; dólar cai, apesar de BC

Paulo Whitaker/Reuters
Mesmo com cenário externo positivo, Ibovespa terminou em queda com realização de lucros

Os investidores aproveitaram a quarta-feira (20) para embolsar os lucros obtidos após a sequência de dez altas consecutivas do Ibovespa. O principal índice da Bolsa paulista fechou em leve baixa, apesar dos ganhos na Bolsa de Nova York e do avanço dos preços do petróleo no mercado internacional.

Com o cenário externo favorável, o dólar recuou ante o real, após ter subido na véspera, mesmo com mais uma ação do Banco Central no câmbio.

O petróleo chegou a recuar neste pregão, mas passou a operar no campo positivo após dados do governo americano mostrarem queda dos estoques da commodity na semana passada maior do que a esperada pelo mercado.

Após uma sessão volátil, o principal índice da Bolsa paulista fechou em baixa de 0,21%, aos 56.578,05 pontos. O giro financeiro foi de R$ 7,18 bilhões

As ações PN da Petrobras ganharam 0,33%, a R$ 11,82, e as ON caíram 1,30%, a R$ 13,65.

Os papéis da Vale recuaram 0,36%, a R$ 13,63 (PNA), e 1,95%, a R$ 16,51 (ON), acompanhando a queda do preço do minério de ferro na China.

No setor financeiro, Itaú Unibanco PN ganhou 1,56%; Bradesco PN, +0,86%; Banco do Brasil ON, +2,00%; Santander unit, +0,82%; e BM&FBovespa ON, -4,20%.

CÂMBIO E JUROS

A moeda americana à vista terminou em queda de 0,50%, a R$ 3,2554, enquanto o dólar comercial caiu 0,27%, a R$ 3,2500.

Segundo analistas, a melhora de percepção de risco do país, as perspectivas de recuperação da economia e as altas taxas de juros mantiveram o fluxo para a renda fixa no país.

O BC leiloou pela manhã mais 10.000 contratos de swap cambial reverso, equivalentes à compra futura de dólares, no montante de US$ 500 milhões.

Com isso, o estoque de swap cambial tradicional (correspondente à venda futura de dólares) do BC caiu para US$ 56,135 bilhões.

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NOTAS DE DÓLAR

Os investidores aguardavam a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC, após o fechamento do mercado nesta quarta-feira. As expectativas são de manutenção da taxa básica de juros (Selic) em 14,25% ao ano. Entretanto, o comunicado do Copom poderá dar alguma sinalização sobre os próximos passos em relação à Selic.

É a primeira reunião do Copom sob o comando do novo presidente do BC, Ilan Goldfajn.

"Acreditamos que a Selic continuará em 14,25% ao ano, e ainda não teremos sinais claros de flexibilização monetária. Ilan Goldfajn deve optar por começar de forma conservadora, sem muitos sinais diferentes, em nossa opinião", escreve a equipe de análise da Guide Investimentos, em relatório.

"O ciclo de queda de juros deve começar em outubro, apenas. Assim, somente na próxima reunião do Copom é que o BC deve sinalizar cortes à frente", acrescenta a Guide.

No mercado de juros futuros, o contrato de DI para janeiro de 2017 caiu de 13,865% para 13,845%. O contrato de DI para janeiro de 2021 recuou de 11,990% para 11,920%, no menor patamar desde o final de janeiro de 2015, refletindo a menor percepção de risco do país.

O CDS (credit default swap) brasileiro de cinco anos, espécie de seguro contra calote e indicador de percepção de risco, caía 0,73%, aos 287,286 pontos, no menor patamar em quase um ano.

EXTERIOR

Na Bolsa de Nova York, o índice S&P 500 subiu 0,43%; o Dow Jones, +0,19%; e o Nasdaq, +1,06%, impulsionados por resultados corporativos.

As ações da Microsoft ganharam 5,31%. A gigante de tecnologia registrou lucro líquido de US$ 3,12 bilhões no quarto trimestre fiscal, encerrado em junho. A empresa reverteu resultado negativo verificado um ano antes, de US$ 3,2 bilhões.

Na Europa, a Bolsa de Londres fechou em alta de 0,47%; Paris, +1,15%; Frankfurt, +1,61%; Madri, +1,06%; e Milão, +0,54%

Os investidores aguardam o resultado de reunião monetária do BCE (Banco Central Europeu), nesta quinta-feira (21), que pode sinalizar algum estímulo monetário.

Na Ásia, as Bolsas chinesas recuaram nesta quarta-feira, em meio às incertezas de investidores em relação ao lançamento de mais políticas de estímulo na China neste ano. O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, recuou 0,33%, enquanto o índice de Xangai teve queda de 0,27%.

Na Bolsa de Tóquio, o índice Nikkei fechou em queda de 0,25%, seu primeiro recuo em sete dias.


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