Folha de S. Paulo


Fundo dá até dia 22 para Oi convocar assembleia para troca do Conselho

Nacho Doce/Reuters
Logo da Oi em shopping em São Paulo
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O fundo Société Mondiale prorrogou até 22 de julho o prazo para que a Oi convoque uma assembleia de acionistas para discutir a troca de membros portugueses do conselho de administração do grupo em recuperação judicial.

O Société é gerido pela administradora de recursos Bridge Trust e tem como investidor o empresário Nelson Tanure, ao lado do fundo de pensão Ontario Teachers (Canadá) e do fundo Discovery Capital (EUA).

A Bridge, que comprou cerca de 5% da Oi dias antes de a tele entrar em recuperação judicial, quer que o conselho da companhia marque uma assembleia-geral.

Oi pede recuperação judicial
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O fundo tinha dado o ultimato à Oi em 8 de julho para convocar em oito dias assembleia de acionistas para substituição dos membros no Conselho de Administração indicados pela Pharol SGPS, antiga Portugal Telecom, que protagonizou uma fracassada fusão com empresa brasileira de telecomunicações.

O fundo propõe a destituição dos membros titulares Rafael Luís Mora Funes, João Manuel Pisco de Castro, Luís Maria Viana Palha da Silva, André Cardoso de Menezes Navarro e Pedro Zañartu Gubert Morais Leitão, além de seus suplentes. Todos eles foram indicados ao Conselho da Oi pela Pharol SGPS, antiga Portugal Telecom, que protagonizou uma fracassada fusão com empresa brasileira de telecomunicações.

OI EM DISPUTA - Principais acionistas, em %

O fundo também quer a destituição do Conselho de Marcos Grodetzky, que foi diretor financeiro da Oi.

O Société Mondiale indicou para o lugar dos que busca destituir e para posições vagas no Conselho da Oi o ex-ministro das Comunicações Hélio Costa, além de Demian Fiocca, José Vicente Santos, João Manuel Pinho de Mello, Pedro Grossi Junior, Leo Julian Simpson, Jonathan Dann e Marcelo Itagiba.

A estratégia da Bridge, segundo apurou a Folha, é eleger seus próprios representantes, o que lhes daria o comando da empresa, pois é o conselho que decide os assuntos mais relevantes, inclusive o plano de recuperação, que será apresentado aos credores.

O Société Mondiale possui 6,64% do capital total da Oi, sendo 7,02% das ações ordinárias e 5,03% dos papéis preferenciais.

A portuguesa Pharol SGPS é a maior acionista individual da Oi, com participação indireta de cerca de 22% do capital total, sendo 27,49% das ações ordinárias. A fatia é detida de forma indireta através da Bratel Bv, com sede na Holanda.

Também nesta sexta, a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) prorrogou para 11 de julho o prazo para interessados em se candidatar para a função de administrador judicial da Oi.

O juiz que cuida do processo de proteção contra credores da Oi determinou que a Anatel indique até cinco nomes de pessoas jurídicas para serem avaliadas como administrador da Oi.

HISTÓRICO

A Oi entrou com pedido de recuperação judicial em 20 de junho. A operadora é a maior concessionária de telefonia do país e tenta negociar uma dívida de R$ 65,4 bilhões com credores.

No dia 29, a Justiça do Rio de Janeiro aprovou o pedido de recuperação judicial da Oi.

A partir da agora, a Oi tem de elaborar um plano de recuperação e apresentá-lo aos credores em, no máximo, dois meses. Depois, começam as rodadas de assembleias e negociações até que a proposta final seja aprovada.

A maior parte da dívida da Oi é financeira (cerca de R$ 50 bilhões). Entram ainda na conta cerca de R$ 14 bilhões em contingências -como multas da Anatel e discussões judiciais- e cerca de R$ 1,5 bilhão para fornecedores.

Da dívida financeira, cerca de 70% são em moeda estrangeira e boa parte vence neste ano. Somente no primeiro trimestre, a empresa queimou R$ 8 bilhões do caixa, a maior parte para honrar parte desses compromissos.

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RAIO-X OI/1º TRIMESTRE DE 2016

Prejuízo
R$ 1,67 bilhão

Receita
R$ 6,76 bilhões

Ebitda
R$ 1,77 bilhão

Concorrentes
Vivo, TIM, Claro

Entenda a recuperação judicial
Entenda a recuperação judicial

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