Folha de S. Paulo


França anuncia medidas fiscais para atrair empresas após o Brexit

Philippe Wojazer/Reuters
Primeiro-ministro francês, Manuel Valls, anuncia medidas para atrair empresas
Primeiro-ministro francês, Manuel Valls, anuncia medidas para atrair empresas

O governo da França delineou nesta quarta-feira (6) uma série de incentivos para tornar Paris um centro financeiro mais atraente, disseram autoridades, em busca de capitalizar a saída do Reino Unido da União Europeia para conquistar profissionais do setor que trabalham em Londres.

Entre as medidas anunciadas está uma alteração no regime fiscal dos empregados provenientes do exterior. A partir de agora, as reduções fiscais serão aplicadas durante oito anos, e não cinco, como acontece atualmente.

O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, reduziu o imposto de sociedades para levá-lo progressivamente a 28%. Atualmente, a alíquota é de 33%. Em Londres, o ministro das Finanças, George Osborne, afirmou na segunda-feira que quer reduzir esse mesmo imposto para menos de 15%.

O voto dos britânicos "criou uma onda de choque para o conjunto dos cidadãos europeus, e também, e de uma forma muito concreta, para muitas empresas instaladas no Reino Unido", destacou o premiê em discurso na conferência anual do lobby da indústria financeira do país, a Paris Europlace.

"Neste novo entorno que se perfila, queremos uma França atrativa", acrescentou.

Além das medidas fiscais, o governo francês pretende criar uma estrutura única para facilitar a gestão administrativa das empresas estrangeiras que desejem se instalar na França.

O serviço permitirá atender "de forma global as empresas e seus empregados", e responderá a "suas perguntas sobre o mercado imobiliário, a emissão de autorizações de residência e a escolarização das crianças", detalhou Valls, que espera que a estrutura esteja pronta em setembro ou outubro.

AMBIVALÊNCIA

O setor financeiro francês se queixou muitas vezes da ambivalência do governo em relação à indústria, alvo de impostos altos e comentários às vezes hostis de políticos.

Valls tomou a decisão súbita de comparecer à Paris Europlace, ainda nesta quarta-feira —uma visita rara de um membro de alto escalão do governo ao evento.

"No futuro, faremos mais para enfatizar o apelo do centro financeiro de Paris: o governo fará sua parte", disse o presidente do Banco da França, François Villeroy de Galhau, em discurso na conferência.

Vendo uma oportunidade no referendo britânico de 23 de junho que decidiu a saída do país da UE, o lobby pediu termos mais favoráveis para expatriados em solo francês, e também quer um corte no imposto que a França cobra dos profissionais do setor financeiro para compensar a ausência de um imposto sobre valor agregado no setor.

Embora frequentemente negligenciadas no passado, as propostas podem começar a ser ouvidas agora. Na semana passada, o presidente francês, François Hollande, disse que a regulamentação dos impostos precisa ser adaptada para tornar Paris mais atraente.


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