Folha de S. Paulo


Carro totalmente autônomo é futuro distante

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Imagem de divulgação do Tesla Model S, modelo envolvido no acidente

As montadoras e as empresas de tecnologia vêm promovendo uma visão otimista do futuro, em que os carros vão se conduzir sem a ajuda de motoristas e em que os acidentes graves serão raríssimos. Para os engenheiros, porém, o tom da discussão é mais moderado: o quão autônomo esses veículos podem e devem ser?

O debate ganhou força na semana passada após a revelação de que um motorista de um Tesla Model S morreu num acidente na Flórida enquanto o carro elétrico operava no modo Autopilot (espécie de piloto automático). O veículo colidiu com um caminhão.

Ao menos por ora as montadoras não dão sinal de reduzir esforços para produzir um carro plenamente autônomo. Mas elas dizem que a tecnologia ainda não é avançada o suficiente para estar nas ruas –em uma cutucada implícita na Tesla.

A BMW afirmou na sexta (1º) que pretende fabricar um veículo autônomo, mas não antes de 2021 e que ele terá uma tecnologia bem diferente da usada hoje pela Tesla.

Maior montadora do mundo, a Toyota é uma das mais cautelosas nessa corrida. No ano passado, ela disse ia investir US$ 1 bilhão em uma pesquisa que prioriza carros que funcionariam como "anjos da guarda": impedindo o motorista de fazer um erro, em vez de substitui-lo.

ESTÁGIOS DIFERENTES

A Tesla, que introduziu o Autopilot em 2015, afirma que o sistema não pretende assumir o controle completo do veículo e que o motorista deve continuar atento e com as mãos no volante.

Já Ford, Google, Volvo e outras companhias pretendem criar um veículo totalmente autônomo, que possa operar com segurança e sem nenhuma intervenção humana –o que os engenheiros chamam de nível quatro de direção autônoma. No nível três, ou semiautônomo, a tecnologia dirige o carro sob algumas circunstâncias, mas exige que o motorista esteja pronto para assumir a direção.

O Autopilot, da Tesla, ainda não é um nível três completo, e alguns especialistas dizem que é um risco.

"Há um grande risco inerente e que já foi bem comprovado: o computador cometer um erro e o motorista não assumir logo a direção", diz Mark Wakefield, diretor da consultoria Alix Partners.

Uma das preocupações de especialistas é que sistemas como o adotado pela Tesla possam levar o motorista a pensar que não precisa prestar atenção na estrada.


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