A vontade política do governo interino de Michel Temer é reduzir a meta de inflação de 4,5% para 4% em 2018, mas a decisão vai depender de uma análise da equipe econômica sobre os cenários e variáveis da economia para determinar se a medida é possível e realista.
A informação é de um assessor presidencial, segundo quem a redução da meta teria o efeito positivo de mostrar o compromisso do governo atual em buscar uma inflação mais baixa.
Segundo a Folha apurou, o assunto já foi discutido pelo presidente Temer com sua equipe econômica, que informou ao peemedebista que estão sendo feitas projeções para testar se a redução da meta seria exequível.
O assessor presidencial fez questão de destacar que a decisão é da equipe econômica, que só vai tomá-la caso seja viável. Ele disse ainda que Temer confia na equipe de Henrique Meirelles (Fazenda), sabe que não há "fórmula mágica" na economia e tudo será conduzido de forma "transparente e realista" nesta área.
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A decisão será tomada nesta quinta-feira (30), durante reunião do CMN (Conselho Monetário Nacional), quando deve ser confirmada a meta de 4,5% para 2017, com intervalo para cima e para baixo de 1,5 ponto percentual, e fixada a de 2018.
O CMN é formado pelos ministros Meirelles, Dyogo Oliveira (Planejamento) e Ilan Goldfajn (Banco Central).
Nesta terça-feira (28), o presidente do Banco Central divulgou o relatório trimestral de inflação, quando disse ser "crível" atingir o centro da meta de 4,5% no próximo ano. Sobre a de 2018, ele não quis fazer nenhum comentário, alegando que a decisão será tomada na quinta.
Inflação anual medida pelo IPCA e INPC -
Em seu cenário de referência, o relatório de inflação indica que no segundo trimestre de 2018 a inflação acumulada em 12 meses pode atingir 4,2%, ou seja, abaixo do centro da meta atual.
No ano passado, a inflação fechou em 10,67%, a maior alta desde 2002 e a primeira vez em 12 anos que o índice superou a meta estabelecida.
HETERODOXOS
A meta de inflação está em 4,5% ao ano desde 2005. O plano original, quando foi criado o regime de metas, era reduzir gradualmente a taxa a ser perseguida pelo BC.
Esse roteiro de queda da meta, porém, foi abandonado nos governos Lula e Dilma, numa das primeiras vitórias dos economistas heterodoxos na gestão petista.
Entre os mais de 20 países que adotam metas de inflação, o Brasil trabalha com um dos objetivos menos ambiciosos. México e Chile, por exemplo, perseguem metas de 3%.