Folha de S. Paulo


Insper contrata e treina aprendizes com deficit intelectual

Karime Xavier/Folhapress
SÃO PAULO / SÃO PAULO / BRASIL -17 /06/16 -10 :00h - LEI DAS COTAS/ O Insper começou há cerca de dois meses programa com aprendizes com deficiência intelectual. São 8 profissionais no total. Felipe Coelho, que está trabalhando no Insper há 2 meses. ( Foto: Karime Xavier / Folhapress). ***EXCLUSIVO***MERCADO
Felipe Coelho está trabalhando no Insper há 2 meses.

Quatro vezes por semana, André Noto, 24, vai ao Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa), em São Paulo. Ele é responsável por conferir as listas, informar as ausências em planilhas eletrônicas e, depois, arquivá-las em sacos.

São mais de 2.000 alunos, e as listas não são padronizadas: algumas são assinadas pelos próprios alunos; outras preenchidas pelos professores com símbolos que cada um deles inventou.

Aluno da ONG Ser Especial, dedicada a pessoas com deficiência intelectual, ele conseguiu o emprego depois de muitas tentativas. Passou seis meses treinando o uso do Microsoft Excel e realizando tarefas de escritório e fez algumas outras entrevistas.

"Uma profissional da ONG me contou que eu tinha passado. Eu chorava, eu ria. Contei para todo mundo, mas para a minha mãe queria contar quando ela viesse me buscar. Não via a hora de ir embora. Minha mãe percebeu que eu estava com uma cara melhor. Contei, ela chorou. Foi muito legal."

E o que ele quer fazer com seu salário? "Comprar coisas no supermercado e juntar dinheiro para viajar à Disney."

Os planos de seu colega, Felipe Coelho, 34, são outros: comprar camisetas do Santos, clube que ele adora e cujo símbolo estampa seu relógio de pulso. Sua primeira função na escola era picotar documentos. Agora, depois do auxílio de seu tutor, Ricardo Mota, ajuda na elaboração de planilhas do setor de cobranças, incluindo dados sobre alunos e seus endereços.

Esse é o seu terceiro emprego. "Trabalhar é importante para não ficar parado", diz.

PARA O FUTURO

O Insper recrutou oito aprendizes com deficiência intelectual há dois meses, inspirado em iniciativa semelhante já adotada pelo Citi, parceiro da Ser Especial.

Márcia Moura, diretora de desenvolvimento institucional do Insper, diz que a faculdade buscava cumprir as cotas há mais de dez anos, mas não achava profissionais habilitados para os cargos.

Optou então por desenvolver funcionários para o futuro. A Ser Especial ajudou a mapear as áreas em que os aprendizes teriam mais satisfação e desempenho.

Segundo Moura, o objetivo do Insper é efetivar os aprendizes, que hoje recebem um salário mínimo, após os dois anos do projeto.

Como aprendizes não são contados nas cotas obrigatórias por lei, o Insper firmou um termo de compromisso com a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de São Paulo para não ser multado durante os 23 meses que durarem o programa


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