Folha de S. Paulo


Efeito do 'Brexit' no PIB do Reino Unido dependerá de negociações

Xinhua
(160624) -- LONDRES, junio 24, 2016 (Xinhua) -- Simpatizantes de la salida de Reino Unido de la Unión Europea (UE), festejan después del anuncio de los resultados a favor del
Simpatizantes à saída do Reino Unido da União Europeia festejam resultado do plebiscito

O impacto econômico da decisão do Reino Unido de sair da União Europeia dependerá da sua capacidade de renegociar em termos vantajosos suas relações comerciais com os antigos parceiros no bloco europeu.

Segundo um levantamento concluído no início deste mês pelo FMI (Fundo Monetário Internacional), a maioria dos estudos acadêmicos indica que a economia britânica sofrerá perdas significativas com o afastamento.

Nos cenários mais pessimistas, alguns trabalhos estimam que o rompimento poderá provocar perda de 10% do PIB na próxima década.

Mas as conclusões desses estudos são muito incertas, e há cenários mais otimistas em que alguns economistas preveem pequenos ganhos para a economia britânica no longo prazo com a mudança.

Hoje, o Reino Unido tem deficit comercial com a União Europeia, ou seja, importa mais dos países do bloco do que exporta para eles. Mas a economia britânica ganhou impulso com a criação do bloco europeu, e sua saída cria riscos para vários setores.

Segundo o FMI, os demais países da União Europeia consomem 13% das exportações de produtos e serviços britânicos. Fora do bloco, bancos e outras empresas do Reino Unido perderiam o acesso preferencial que têm e passariam a pagar tarifas e enfrentar outras barreiras.

'BREXIT' AFETA MOEDAS - Em % ante o dólar, variação de sexta (24) na comparação com quinta (23)

MERCADO AFETADO

O setor financeiro, um dos motores do crescimento da economia britânica nos últimos anos, seria um dos mais afetados, segundo o FMI. Bancos e seguradoras que hoje podem oferecer seus serviços em qualquer país europeu teriam que abrir filiais e se adaptar às regras locais para manter os seus negócios.

Os países que permanecem no bloco europeu também poderão sofrer. O Reino Unido é o destino de 3% das exportações dos outros países que hoje estão na União Europeia, e um mercado importante para nações poderosas como Alemanha e França.

Fora do bloco, os britânicos poderão impor tarifas aos produtos europeus, ou oferecer vantagens a outros parceiros comerciais, para compensar a perda de acesso ao mercado europeu e aos países que têm acordos comerciais com a União Europeia.

'BREXIT' REPERCUTE NAS BOLSAS - Índices de mercado, em %, variação de sexta (24) ante quinta (23)

Os cenários mais otimistas analisados pelo FMI pressupõem a eliminação de tarifas e outras barreiras em caráter unilateral, o que facilitaria a adaptação de bancos e empresas à nova situação e reduziria o custo econômico.

Mas o FMI acha mais provável que o Reino Unido e a União Europeia atravessem um longo período de negociações até alcançar um novo acordo comercial, o que tende a aumentar incertezas.

Para os economistas do FMI, a saída do bloco também poderá reduzir o fluxo de investimentos estrangeiros no Reino Unido e tornar sua economia menos produtiva e menos competitiva, ao travar seu acesso a outros mercados.

O FMI calcula que existam atualmente 2 milhões de cidadãos de outros países europeus trabalhando no Reino Unido, o equivalente a 6% da força de trabalho ocupada. Com os britânicos fora do bloco europeu, essas pessoas passariam a depender de visto para seguir trabalhando.


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