Folha de S. Paulo


Saída do Reino Unido da UE derruba Bolsas em todo o mundo

A decisão do Reino Unido de deixar a União Europeia derrubou os mercados globais nesta sexta-feira (24). Os investidores foram surpreendidos pelo resultado do plebiscito britânico, já que as apostas eram de manutenção do Reino Unido no bloco.

O FTSE-100, principal índice do mercado acionário britânico, fechou em queda de 3,15%. Em Paris, o índice CAC-40 despencou 8,04%, enquanto o DAX, de Frankfurt, desabou 6,82%.

O índice Ibex-35, da Bolsa de Madri, perdeu 12,35%. Em Milão, o FTSE-MIB recuou 12,48% e, em Lisboa, o PSI-20 encerrou a sessão em queda de 6,99%.

Na Bolsa de Nova York, o índice S&P 500 encerrou a sexta-feira em queda de 3,60%; o Dow Jones, -3,39%; e o Nasdaq, -4,12%.

No Brasil, o Ibovespa perdeu 2,82%, aos 50.105,26 pontos.

A decisão também impactou os mercados asiáticos e fez o índice Nikkei, do Japão, cair 7,92%, na maior queda diária desde 15 de março de 2011, quando desabou 10,55%.

'Brexit' repercute nas Bolsas - Índices de mercado, em %

As Bolsas chinesas tiveram queda menor, em torno de 1%, graças ao forte controle de capital na China, que conteve as vendas que afundaram com mais força outros mercados asiáticos.

O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, caiu 1,29%, enquanto o índice de Xangai teve baixa de 1,30%. Na semana, ambos perderam 1,1%.

CÂMBIO

No mercado cambial, a libra chegou a cair 10% em relação ao dólar nesta sexta-feira, no menor patamar desde 1985, provocando uma corrida de capital pela tradicional segurança do iene e do franco suíço.

A moeda britânica fechou em queda de 7,10%. O euro também caiu contra o dólar (-1,65%). Já o franco suíço chegou atingir o maior nível em quase um ano contra o euro, e o iene chegou ao nível mais alto em mais de dois anos.

Moedas caem após Brexit

No Brasil, o dólar abriu com forte valorização ante o real após a vitória do "Brexit", chegando aos R$ 3,45, mas perdeu força. A moeda americana terminou em alta de 1,00%, a R$ 3,38.

PETRÓLEO

Os preços do petróleo tinham forte queda nesta sexta-feira após a opção pelo "Brexit" vencer o plebiscito, levantando temores de que uma desaceleração econômica mais ampla possa reduzir a demanda.

O petróleo Brent, negociado em Londres, recuava 4,99%, a US$ 48,37 o barril. O WTI, dos Estados Unidos, tinha queda de 5,09%, para US$ 47,56.

Mais cedo, os contratos chegaram a cair mais de 6%, a maior queda diária desde abril, quando produtores globais falharam em concordar com um congelamento da produção.

BREXIT

Com os votos dos 382 distritos do Reino Unido apurados, a opção por deixar a União Europeia venceu por 51,9% a 48,1%, abalando mercados financeiros e provocando uma onda de choque e incredulidade global. O processo de saída da UE ainda precisa passar pelo Parlamento, mas um veto pelos legisladores é considerado suicídio político.

As consequências econômicas de uma saída devem se estender para o comércio -com prejuízo maior para Londres do que para Bruxelas, já que os britânicos dirigem metade de suas exportações à UE.

A consulta popular registrou índice histórico de comparecimento -72,2% do eleitorado- e recorde de 46,5 milhões de eleitores registrados.

Por volta das 4h (hora de Brasília), o premiê conservador, David Cameron, principal fiador do voto pró-UE, anunciou que irá renunciar ao cargo.


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