Folha de S. Paulo


Ambev, Coca e Pepsi não venderão refrigerantes em escolas infantis

Kevin Lamarque/Reuters
An employee arranges bottles of Coca-Cola at a store in Alexandria, Virginia October 16, 2012. Coca-Cola Co reported a slightly higher-than-expected profit February 10, 2015 as sales in North America, its biggest market, rose for the first time in four quarters, offsetting the impact of a stronger dollar on its overseas business. REUTERS/Kevin Lamarque/Files (UNITED STATES - Tags: BUSINESS) ORG XMIT: TOR125
Depósito da Coca-cola

As gigantes de bebidas Ambev, Coca-Cola Brasil e PepsiCo Brasil não venderão mais refrigerantes e bebidas gaseificadas em escolas para crianças de até 12 anos. Serão comercializados nesses locais água mineral, sucos, água de coco e bebidas lácteas.

A política valerá para as cantinas que compram diretamente das fabricantes e de seus distribuidores.
Segundos as empresas, haverá uma ação para sugerir que as cantinas que abastecem em outros pontos de venda, como atacados e supermercados, também adotem a medida.

O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Refrigerantes e Bebidas não Alcoólicas (Abir), Alexandre Jobim, disse que até agosto toda a indústria deverá aderir à prática no país.

Claudia Lorenzo, vice-presidente de Relações Corporativas da Coca-Cola Brasil, afirmou que a mudança visa contribuir para a redução do consumo de açúcar em crianças de até 12 anos.

"Queríamos dar a nossa parcela de contribuição para o tema obesidade. Se tivermos uma percepção positiva do público isso será bom, mas esse não é o objetivo final dessa união de forças", disse Claudia.

Segundo ela, a Coca-Cola alterou sua política de marketing em 2008. Outra mudança foi a extinção de propagandas voltadas para crianças da mesma idade.

A nova política, porém, pode não reduzir o consumo de açúcar nas escolas. O problema é que os sucos comercializados, mesmo com 100% fruta, têm tanto açúcar quanto refrigerante – ou até mais – e mais calorias.

Um copo (200 ml) de Coca-Cola tem 21 gramas de açúcar e 85 kcal. Já o suco de laranja Del Valle 100%, também da Coca-Cola, tem 24 gramas de açúcar e 100 kcal.

Para o professor de MBA da Fundação Getulio Vargas (FGV), Roberto Kanter, a decisão é estratégica. "Demonstra claramente que essas empresas vão buscar outras alternativas para o negócio. É puramente mercadológico. Há pesquisas que mostram a queda de consumo de bebidas como refrigerantes no futuro e elas precisam estar preparadas para isso", disse.

De acordo com dados da Consultoria Nielsen, as vendas de refrigerantes caíram 5,9% no ano passado em comparação com 2014.

A nutricionista Ana Paula Bortoletto, do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), afirma que o açúcar não é o único problema dos sucos industrializados. Muitos deles contém "aditivos" como aromatizante e vitamina C.

"Não é a mesma coisa. Eles usam suco reconstituído e adicionam outros ingredientes além da fruta", afirma.

O mesmo problema vale para as bebidas lácteas. "Se elas [as cantinas] continuarem vendendo achocolatado, é um problema sério. Esses produtos têm só 50% de leite, o resto é água e açúcar. Não tem nenhuma qualidade nutricional, nem mesmo o benefício de consumir mais proteína", diz Bortoletto.

De acordo com ela, o melhor mesmo é substituir suco por fruta e água.

O LADO DAS INDÚSTRIAS

"É claro que fruta é melhor do que suco, mas somos uma empresa de bebidas. E muitas cantinas não têm como vender a fruta in natura. Pensando no que podemos fazer, acho que isso é o melhor possível", diz Andrea Mota, diretora de Categorias da Coca-Cola Brasil.

Segundo ela, os sucos 100% fruta têm adição de fibras, para retardar a absorção da glicose pelo organismo.

A assessoria de imprensa da Ambev, responsável pelo Guaraná Antarctica, informou que, além de refrigerantes, deixará de vender chás prontos. A empresa ressalta que os únicos sucos vendidos são da marca Do Bem, sem adição de açúcar nem conservantes.

A PepsiCo informou por meio de nota que está orgulhosa com o novo posicionamento. "A empresa acredita que essa iniciativa trará resultados positivos para as famílias seguirem as suas escolhas em relação à alimentação dos filhos em idade escolar. As cantinas continuarão sendo abastecidas com outras opções, como água de coco, por exemplo."


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