Folha de S. Paulo


Bolsa cai com petróleo, mas dólar recua na véspera de plebiscito

Justin Tallis/AFP
Partidário da saída britânica da União Europeia leva cartaz de campanha em Clacton-on-Sea, na Inglaterra
Partidário da saída britânica da União Europeia leva cartaz de campanha em Clacton-on-Sea (Inglaterra)

A queda nos preços do petróleo pressionou o Ibovespa, que subia mais cedo e acabou fechando em baixa nesta quarta-feira (22), assim como os índices na Bolsa de Nova York.

O dólar, no entanto, caiu frente à maior parte das moedas, entre elas o real. O principal motivo foi a manutenção das apostas de que o Reino Unido permanecerá na União Europeia no plebiscito desta quinta-feira (23).

Apesar disso, novas pesquisas de intenção de voto mostrando ligeira vantagem para a proposta de saída do bloco reforçaram o clima de cautela e contribuíram para a queda das Bolsas.

No cenário doméstico, os investidores repercutiram a aprovação da Lei de Responsabilidade das Estatais, no Senado, e da possibilidade de as companhias aéreas brasileiras terem 100% de capital estrangeiro, na Câmara. "Essas votações mostram a força e a capacidade de negociação do governo Temer no Congresso", avalia Ignacio Crespo Rey, economista da Guide Investimentos.

Entretanto, prevaleceu o cenário externo. O Ibovespa fechou em queda de 1,34%, aos 50.156,30 pontos. O giro financeiro foi de R$ 6,5 bilhões.

Segundo operadores, além da queda do petróleo e da cautela um dia antes do plebiscito britânico, também houve uma realização de lucros na Bolsa, após as recentes altas do índice.

As ações da Petrobras recuaram 1,99%, a R$ 9,34 (PN), e 2,42%, a R$ 11,65 (ON).

Os papéis da Vale ganharam 2,49%, a R$ 12,75 (PNA) e 1,60%, a R$ 15,85 (ON), beneficiados pelo avanço do minério de ferro na China.

No setor financeiro, Itaú Unibanco PN perdeu 1,73%; Bradesco PN, -0,20%; Banco do Brasil ON, -0,31; Santander unit, -1,33%; e BM&FBovespa ON, +0,23%.

Fora do Ibovespa, as ações ordinárias da Oi subiram 11,30%, a R$ 1,28, mas as ações preferenciais caíram 1,23%, a R$ 0,80.

CÂMBIO E JUROS

A moeda americana à vista fechou em baixa de 0,84%, para R$ 3,3736, no menor patamar desde 30 de julho do ano passado (R$ 3,3682). O dólar comercial caiu 0,88%, a R$ 3,3770.

Colaborou para o recuo do dólar a percepção de investidores de que um aumento dos juros americanos no curto prazo é improvável. Essa visão foi reforçada após declarações da presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA), Janet Yellen. Ela destacou que, se concretizado, o "Brexit" terá "repercussões econômicas significativas" e reiterou uma postura mais cautelosa do Fed em relação à alta dos juros.

No mercado de juros futuros, o contrato de DI para janeiro de 2017 caiu de 13,745% para 13,740%, mas o contrato de DI para janeiro de 2021 avançou de 12,470% para 12,550%.

O CDS (credit default swap) brasileiro, espécie de seguro contra calote e indicador de percepção de risco, perdia 0,25%, aos 327,872 pontos.

EXTERIOR

Na Bolsa de Nova York, o índice S&P 500 caiu 0,17%; o Dow Jones, -0,27%; e o Nasdaq, -0,22%.

Na Europa, a Bolsa de Londres fechou em alta de 0,56%; Paris, +0,29%; Frankfurt, +0,55%; Madri, +0,40%; e Milão, -0,62%.

A maior parte das Bolsas subiu na Ásia. O índice Nikkei da Bolsa de Tóquio, porém, perdeu 0,64%, pressionado pela valorização do iene, que prejudica exportadores.

Em Londres, o petróleo Brent recuou 1,62%, a US$ 49,80 o barril. O preços da commodity passaram a cair após dados do governo americano apontarem queda nos estoques semanais de petróleo menor que a esperada pelo mercado e aumento das importações.

No entanto, em Nova York, o petróleo WTI subiu 0,37%, a US$ 49,03 o barril.


Endereço da página:

Links no texto: