O governo federal reconheceu nesta terça-feira (21) que poderá ajudar na elaboração de um plano de venda da operadora Oi, que entrou na segunda-feira (20) com pedido de recuperação judicial após fazer uma dívida de R$ 65,4 bilhões.
Segundo o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, caso a empresa de telecomunicações solicite auxílio, o BNDES e o Banco do Brasil poderão ajudar na elaboração de um plano de venda com o objetivo de recuperar os empréstimos feitos à companhia privada e impedir demissões em massa.
O ministro negou, no entanto, que o Palácio do Planalto possa fazer uma interferência ou qualquer aporte financeiro para socorrer a empresa de telefonia. Segundo a Folha apurou, o Palácio do Planalto tem tentado encontrar um comprador estrangeiro, mas, até o momento, não teve sucesso.
"Toda grande fonte de trabalho e de empregos interessa muito ao governo federal, porque estamos vivendo um momento de dificuldades. Até o momento, não há nenhuma manifestação no sentido de interferir diretamente, mas, por certo, nossos agentes do sistema financeiro nacional estarão prontos a prestar uma colaboração no sentido de intermediar e preparar um projeto de buscas de parcerias se for o caso para a empresa. Não há, no entanto, hipótese do governo entrar com recursos financeiros neste caso", disse.
A Oi é a maior operadora do Brasil em telefonia fixa, empatada com a Vivo (cada uma tem participação de 34,4%), e a quarta em celular, com 18,6% do mercado. O BNDES, o Banco do Brasil e a Caixa são os maiores credores individuais da empresa privada.
A maior parte da dívida da companhia de telefonia é financeira (cerca de R$ 50 bilhões). Entram ainda na conta cerca de R$ 14 bilhões em contingências —como multas da Anatel e discussões judiciais— e cerca de R$ 1,5 bilhão para fornecedores.
Da dívida financeira, cerca de 70% são em moeda estrangeira e boa parte vence neste ano. Somente no primeiro trimestre, a empresa queimou R$ 8 bilhões do caixa, a maior parte para honrar parte desses compromissos.
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A JORNADA DA OI
1998
Consórcio Telemar arremata teles do Rio e de outros 15 Estados na era das privatizações de FHC. Em 2002, empresa adota o nome Oi e entra na telefonia celular
2005
A operadora paga R$ 5,2 milhões por 30% da Gamecorp, controlada por um dos filhos de Lula e por Jonas Suassuna, dono do sítio em Atibaia (SP) frequentado por Lula
2008
Durante seu segundo mandato, o então presidente Lula altera a Lei Geral de Telecomunicações do país, permitindo assim que a Oi comprasse a Brasil Telecom
2009
Pela aquisição da Brasil Telecom, a Oi desembolsa R$ 5,8 bilhões. Com isso, a dívida da companhia salta de R$ 12 bilhões para R$ 21 bilhões em um curto espaço de tempo
2010
O então presidente Lula consegue convencer o governo português a permitir a entrada da operadora Portugal Telecom (PT) no bloco de controle da Oi no Brasil
2012
A Oi tenta convencer uma conselheira da Anatel a votar a seu favor para conseguir assegurar a compra da Brasil Telecom
2013
A Oi se funde com a PT e passa a atuar no Brasil, Portugal e África. A operação injeta R$ 14 bilhões na companhia
2014
Uma dívida de 837 milhões de euros da Portugal Telecom obriga a Oi a vender a própria PT para a francesa Altice por R$ 23,6 bilhões. O negócio não incluiu ativos da PT na África
2015
A dívida da Oi ultrapassa a barreira dos R$ 50 bilhões, e a operadora recebe uma proposta de um fundo russo disposto a ser maior acionista da empresa desde que ela se funda com a TIM
2016
Junto com outras do setor, a Oi tenta mudar a legislação e renegociar multas aplicadas pela Anatel. A empresa valia, então, menos de R$ 2 bilhões na Bolsa de SP
2016
Junto com outras do setor, a Oi tenta mudar a legislação e renegociar multas aplicadas pela Anatel. A empresa valia, então, menos de R$ 2 bilhões na Bolsa de SP