Folha de S. Paulo


análise

Decisão é marco de fracasso da política de campeões nacionais

Nacho Doce/Reuters
Logo da Oi em shopping em São Paulo
Logo da Oi em shopping em São Paulo

Um marco do fracasso da política dos governos petistas de criar grandes campeões nacionais. Assim pode ser traduzido o pedido de recuperação judicial da Oi.

Resultado da fusão da antiga Telemar com a BrT (Brasil Telecom), a Oi foi forjada por Lula para ser a supertele nacional, a grande empresa brasileira do setor, que estava sendo, nas palavras petistas, invadido pelas estrangeiras.

Nesta segunda (20), o sonho megalomaníaco petista virou um pesadelo.

Em 2008, via decreto, sem passar pelo Congresso, Lula mudou a lei para permitir a fusão das duas empresas, driblando a regra em vigor que proibia que um controlador fosse dono de duas concessionárias de telefonia fixa.

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Criticada, a decisão do governo prevaleceu sob o argumento de que estava preservando os interesses do país. O Planalto usou o BB e o BNDES para financiar a operação.

Era, no discurso lulista, a grande tele nacional, aquela escolhida para ser a líder do setor no país. Só que a empresa não acompanhou a evolução das concorrentes. Hoje é a maior operadora em telefonia fixa do país (empatada com a Vivo), mas apenas a quarta em telefonia móvel.

Em outras palavras, ficou presa durante muito tempo na telefonia fixa, que deixou de ser a mais rentável do setor, enquanto as concorrentes estrangeiras investiam pesado no futuro, a telefonia móvel.

Fora o fracasso econômico de criar a supertele, a empresa trazia no histórico as relações suspeitas da antiga Telemar, comandada pela Andrade Gutierrez e por Carlos Jereissati, com negócios de um dos filhos de Lula.

Críticos alardearam que a fusão entre Telemar e BrT era um retribuição aos negócios com a Gamecorp, empresa de Fábio Luís da Silva -o que sempre foi negado por Lula.

Sem falar que, lá atrás, a Telemar já gerava polêmica. Surgiu do programa de privatizações do governo tucano, em 1998, e foi chamada de "telegangue" pelo então ministro das Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de Barros.

Para ele, empresas que nada tinham a ver com o setor compraram um pedaço da Telebras sem ter condições de tocar o negócio. Foi, de certa forma, premonitório.


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