Folha de S. Paulo


Nunca aconteceu nada parecido, diz historiador sobre calamidade pública

Ricardo Borges/Folhapress
Rio de Janeiro, RJ, BRASIL. 14 /06/ 2016; O presidente interino Michel Temer, faz visita ao parque olimpico no Rio. Tambemm estavam presentes o prefeito do Rio, Eduardo Paes, O governador em exercicio Fancisco Dornelles e o presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman. (Foto: Ricardo Borges/Folhapress) *** EXCLUSIVO FOLHA ***
O presidente interino Michel Temer visita o Parque Olímpico no Rio

Nunca um Estado recebeu uma Olimpíada, de inverno ou de verão, em estado de calamidade pública, diz o professor Lamartino da Costa, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Membro de um grupo de pesquisas financiado pelo Comitê Olímpico Internacional, ele afirma que a situação é "inacreditável" e "incompreensível".

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Por meio de um decreto, o Estado do Rio de Janeiro se declarou em "calamidade pública", na tarde desta sexta-feira (17). A medida, acordada com o presidente interino Michel Temer, desbloqueia a liberação de recursos federais para o Estado. O Rio estava impedido de receber dinheiro do governo após um calote na Agência Francesa de Desenvolvimento, em maio.

Se para o Comitê Rio-16 a notícia não "afeta em nada", para o pesquisador haverá uma repercussão muito negativa no exterior.

"Isso vai pegar muito mal. É muito muito estranho. Nunca aconteceu nada parecido com isso. É até ilógico que um Estado nessa situação receba uma Olimpíada", afirmou Lamartino da Costa, em entrevista à Folha.

Com seus estudos na memória, o professor se recordou de duas situações complicadas de cidades que receberam Jogos Olímpicos. Uma foi Sarajevo, na antiga Iugoslávia, em 1984, e Turim, em 2006 –ambas de Inverno.

"Sarajevo recebeu os Jogos em estado de guerra. Mas os dois lados aceitaram parar enquanto a competição acontecia. Existia um receio antes de começar", disse.

"Em Turim, houve um impasse político, que quase ameaçou os Jogos. O presidente da Itália tinha que abrir os Jogos, e o pessoal da Lombardia não admitia isso por nada. No final, também deu tudo certo", completou.

Segundo o pesquisador, o decreto tem de ser tratado com "ironia", de tão "criativo" que ele é.


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