Folha de S. Paulo


Volkswagen estuda vender ativos para se recuperar de escândalo de emissões

A montadora Volkswagen estuda empacotar seus negócios de componentes e revisar seu portfólio em uma possível venda de ativos, de acordo com a agência de notícias "Bloomberg". O objetivo é ajudar a empresa a se recuperar dos efeitos financeiros causados pela pior crise da história da companhia, provocada pelo escândalo de emissões poluentes.

O presidente da Volkswagen, Matthias Mueller, estaria revisando a estratégia de negócios da companhia que passaria por recuar da filosofia de "crescimento a qualquer custo" e apostar no compartilhamento de veículos e no desenvolvimento de automóveis elétricos.

A revisão vai abranger as 12 marcas da Volks (Volkswagen, Seat, Audi, Porsche, Skoda, entre outras) e negócios como motores para embarcações, enquanto a fabricação de componentes seria reunida em uma só entidade, afirma a "Bloomberg", citando fontes familiarizadas com as mudanças.

Nesta quinta-feira (16), a montadora anunciou que lançará mais de 30 modelos de carros elétricos nos próximos 10 anos, em uma tentativa de posicionar a montadora como líder dos transportes ecológicos.

A multinacional alemã informou que pretende fabricar "de dois a três milhões entre mais de 30 modelos de carros totalmente elétricos". De acordo com a montadora, os modelos elétricos devem representar em 2025 "de 20% a 25% das vendas mundiais do grupo".

A Volks pretende "transformar sua atividade principal no setor automobilístico ou, para dizer de outro modo, fazer um realinhamento fundamental para preparar-se a uma nova era de mobilidade", afirmou Mueller, ao apresentar a nova estratégia do grupo.

CRISE

Durante os três primeiros meses do ano, o grupo registrou um lucro líquido atribuído de € 2,306 bilhões, 20,1% menos que no mesmo período em 2015.

As vendas da Volkswagen caíram 1,2% no primeiro trimestre e totalizaram 2,57 milhões de veículos, enquanto o faturamento registrou queda de 3%, para € 51 bilhões.

A VW divulgou perda recorde no ano passado após separar € 16,2 bilhões para cobrir custos do escândalo. Os resultados trimestrais publicados nesta terça-feira não incluem mais provisões para o escândalo.

A crise começou em setembro do ano passado, quando a Volkswagen admitiu ter instalado o software manipulador em 11 milhões de veículos diesel em todo o mundo.

O sistema é capaz de detectar quanto um carro está sendo testado em laboratório, e de reduzir as emissões de óxidos de nitrogênio, um poluente associado a problemas de saúde.

As autoridades regulatórias dos Estados Unidos determinaram que as emissões de poluentes nas ruas são até 40 vezes maiores do que as demonstradas em testes. A Volkswagen controla também as marcas Audi e Porsche, e a SEAT e Skoda, na Europa


Endereço da página:

Links no texto: