Folha de S. Paulo


Brasil tem uma das menores taxas de uso de bloqueador de anúncio on-line

O uso de "ad blockers" (bloqueadores de anúncio) pelos internautas brasileiros, nos centros urbanos do país, está em 21%.

O dado foi levantado pelo Instituto Reuters para o Estudo do Jornalismo, da Universidade de Oxford, e faz parte do Digital News Report 2016. É uma das menores taxas do relatório divulgado nesta quarta (15), ocupando o 19º lugar entre 26 países.

E o percentual nacional deve ser ainda menor, porque o levantamento se restringe ao "Brasil urbano", com maior acesso à internet, diferentemente de outros países, pesquisados nacionalmente e em sua maioria desenvolvidos.

O avanço mundial dos bloqueadores intensificou a pressão sobre as receitas das organizações jornalísticas, que já enfrentavam a concorrência de plataformas como Google e Facebook.

Jornais nos EUA e na Europa vêm adotando barreiras para estimular a desativação dos bloqueadores pelos usuários, em seus sites. No caso da Folha, os não assinantes que tentam acessar são informados da exigência de desligar o "ad blocker". Detectado o bloqueador, uma tela informa ao visitante: "Fazer jornalismo de qualidade exige recursos. A publicidade é uma forma de financiamento importante para o jornal".

O relatório do Instituto Reuters levantou também, no Brasil, uma das proporções mais elevadas de internautas que pagam pelo acesso às notícias: 22%, 3º lugar entre os 26 países pesquisados.

E o estudo ressalta que, "num ano em que os escândalos e os números fracos da economia tomaram as manchetes, a confiança nas notícias se manteve alta", em 58%, 3º lugar entre os 26.

INVERNO

De maneira global, o Instituto Reuters destaca o crescimento do Facebook como plataforma para o consumo de informação.

"Metade [51%] afirma usar mídia social como fonte de notícias semanalmente", diz o pesquisador Nic Newman, que comandou o estudo. Com 44%, o Facebook "é de longe a rede mais importante para encontrar, ler, assistir e compartilhar notícias".

O avanço das redes sociais como plataformas para jornalismo, incluindo na categoria também YouTube e Twitter, é creditado à crescente penetração mundial dos smartphones, agora em 53%.

Em análise no próprio relatório, o presidente-executivo da The New York Times Co., Mark Thompson, escreve que "as organizações jornalísticas têm muito menos poder para estabelecer preços e até os maiores de nós são rebaixados pelos que dominam o campo, como Facebook e Google".

Mas ele é otimista: "O inverno está chegando. Quantas vezes ouvimos isso em 'Game of Thrones'? Embora já tenhamos atravessado cinco temporadas, sem mencionar a quantidade de tortura e morte, o Sol ainda brilha."

A partir da alegoria, defendeu estratégias do "NYT" como publicidade nativa, que considera mais adequada a smartphones, e assinatura digital em escala, além da integração interna.

"Na tempestade que vem aí, Redações e departamentos comerciais que tentem ignorar a realidade —ou ignorar um ao outro— vão morrer pelo frio", escreve Thompson.


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