Folha de S. Paulo


Petrobras precisará desembolsar mais US$ 5 bi para complexo petroquímico

Para concluir o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), a Petrobras ainda precisa desembolsar mais US$ 5,3 bilhões —cerca de R$ 18 bilhões.

Desde 2008, quando iniciou-se a construção do complexo, a estatal já gastou US$ 14,3 bilhões. O orçamento original previa US$ 6,1 bilhões.

O projeto original do Comperj, feito na gestão de Paulo Roberto Costa, então diretor de Refino e Abastecimento da estatal, previa duas refinarias, uma petroquímica, mais uma unidade de processamento de gás. Costa é um dos delatores do esquema de corrupção na Petrobras desbaratado pela Lava Jato.

O complexo se transformou apenas numa refinaria ligada à planta de gás.

A despeito do corte, a unidade de refinamento, que está com um índice de conclusão de 86%, ainda demandará US$ 2,8 bilhões.

A planta de gás e a unidade de hidrocraqueamento (setor que adiciona hidrogênio ao óleo para facilitar o refino) estão com 36% das obras concluídas e demandarão outros US$ 2,5 bilhões.

Esses custos, que somam US$ 5,3 bilhões, são apenas os de construção. Há outros gastos relacionados à paralisação das obras. O armazenamento de equipamentos que já foram comprados, por exemplo, custará cerca de R$ 500 milhões à estatal neste ano.

As obras da refinaria estão paradas e a Petrobras tenta equacionar a questão financeira para concluir a construção do Comperj.

As dificuldades enfrentadas pela Petrobras foram passadas pela própria estatal durante apresentação na Câmara ao deputado Otávio Leite (PSDB-RJ).

OPERAÇÃO

Em março, a estatal publicou uma previsão de que o complexo só deverá começar a operar em 2023 —15 anos após o início da construção.

Procurada, a Petrobras diz que prevê prosseguir as obras que ainda estão em andamento —as da unidade de processamento de gás— e diz buscar formas de destravar as que estão paralisadas.

"Conforme divulgado no seu Plano de Negócios e Gestão (PNG 2015-2019), a Petrobras está em busca de alternativas para concluir as obras do conjunto de unidades de refino do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj)", afirma em nota.

Uma das maiores dificuldades da estatal é equacionar o seu endividamento. A Petrobras detém hoje uma dívida que supera R$ 450 bilhões.

LAVA JATO

A partir da delação premiada de Costa, em 2014, o ritmo das obras do Comperj caiu, assim como o de outro projeto da Petrobras, a refinaria de Abreu e Lima (PE).

Empreiteiras investigadas pela operação Lava Jato são as maiores responsáveis pela construção da refinaria fluminense e ainda possuem contratos com a Petrobras.


Endereço da página:

Links no texto: