Folha de S. Paulo


Criação de cargos não terá impacto nas contas públicas, diz governo

Diante de críticas pela criação de 14 mil postos na estrutura do governo federal, noticiada pela Folha nesta sexta (3), o governo afirmou que isso não terá impacto nas contas públicas.

Na nota, o Ministério do Planejamento diz que não haverá aumento de gastos, porque todos os cargos criados "serão mantidos vagos". "A legislação orçamentária impede a realização de concursos neste ano e esta medida deve ser mantida em 2017."

Além disso, o governo argumentou que não houve "criação de novos cargos na administração federal", porque foram extintos "cargos equivalentes".

A nota do Planejamento não menciona oficialmente, porém, quantos postos exatamente foram eliminados. A Folha apurou que os cargos extintos estão vagos, são em grande parte de carreiras antigas e já não representam despesas para o governo.

Na prática, portanto, a eliminação de postos antigos e hoje desocupados não compensa a criação dos novos.

O próprio governo reconhece que não vinha dando autorização para a realização de concursos porque esses cargos não atendiam mais às necessidades da União.

Na avaliação de um técnico do governo, a extinção desses cargos não compensa a criação dos novos postos justamente porque as vagas eliminadas —que já não eram ocupadas— não tinham expectativa de receber titulares.

A criação das novas vagas, também na avaliação de técnicos do governo, deve ampliar a pressão de servidores pela realização de concursos, o que acontecia em menor intensidade pelo perfil dos cargos extintos.

Reajustes no Serviço Público, em R$ bilhões - Impacto Anual e no Acumulado

REAJUSTES E VAGAS

Os 14 mil novos cargos foram criados na mesma votação que concedeu reajustes a várias categorias de servidores públicos, nos Poderes Executivo, Judiciário e Legislativo.

A mudança de maior impacto foi o aumento do salário dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal). O rendimento, que delimita o teto do funcionalismo, passou de R$ 33.763 para R$ 39.293. O efeito cascata gerado em todo o Judiciário deverá, segundo o Ministério da Fazenda, ter um impacto de R$ 6,9 bilhões até 2019.

Os reajustes aprovados vão elevar os gastos com a folha de pagamento em R$ 52,9 bilhões entre 2016 e 2018. Pelos cálculos de parlamentares, o impacto será de R$ 58 bilhões até 2019.

O governo argumenta, no entanto, que o reajuste concedido ficou abaixo da inflação e, portanto, não desrespeita o teto proposto pela equipe econômica em texto enviado para aprovação do Congresso.

Neste ano, o aumento da folha de servidores será de 8,5%, abaixo da inflação do ano passado, de 10,67%.

O gasto extra de R$ 7 bilhões neste ano já está previsto no Orçamento.

A administração Michel Temer tem tratado o enxugamento da máquina pública como uma de suas principais bandeiras.

Nos primeiros dias de governo, o então ministro do Planejamento, Romero Jucá, que deixou o cargo após ser envolvido em gravações, disse que a administração pretendia eliminar 4.000 postos comissionados neste ano.

Projeção de gastos com pessoal - Valores em R$ bilhões


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