Folha de S. Paulo


Presidente do BC americano sinaliza alta de juros nos próximos meses

Charles Krupa/Associated Press
Presidente do Fed, Janet Yellen, em discurso na Universidade Harvard
Presidente do Fed, Janet Yellen, em discurso na Universidade Harvard

O Federal Reserve (Fed, banco central americano) deve elevar os juros "nos próximos meses" se o crescimento econômico melhorar como esperado e se os empregos continuarem a ser gerados, disse a presidente do banco central dos Estados Unidos, Janet Yellen, nesta sexta-feira (27).

"A economia continua melhorando... o crescimento parece estar melhorando", disse Yellen em declarações na Universidade Harvard, em Massachusetts. "Se ele continuar e se o mercado de trabalho continuar a melhorar, e eu espero que isso ocorra... nos próximos meses tal movimento (alta dos juros) será apropriado."

Embora Yellen tenha expressado cautela sobre a possibilidade de elevar os juros rapidamente demais, ela soou mais confiante do que no passado sobre a perspectiva de a inflação acelerar em direção à meta de 2% do Fed.

A decisão poderia ser tomada na reunião do Fomc (Comitê de Política Monetária do Fed) dos dias 14 e 15 de junho ou no encontro dos dias 26 e 27 de julho.

Após as declarações de Yellen, o dólar ganhou força em relação ao real, com operadores aumentando as apostas de que o Fed pode elevar os juros já em junho.

A probabilidade estimada de uma alta de juros em junho subiu levemente para 34%, contra 30% antes das declarações de Yellen, segundo dados da CME Group, onde são negociados os contratos futuros. A expectativa para um aumento em julho atingiu 60%, mais do que o dobro das estimativas de um mês atrás.

As declarações de Yellen "reforçam os sinais de altas de juros mais cedo comunicados recentemente por seus colegas" no Fed, disse o conselheiro econômico chefe da Allianz, Mohamed A. El-Erian, por meio do Twitter.

Os preços baixos do petróleo e o dólar forte têm sido culpados por ajudar a manter a inflação dos EUA abaixo da meta de 2%.

Nesta sexta-feira, Yellen disse que esses fatores "parecem estar estabilizando e minha própria expectativa é que... a inflação avance novamente ao longo dos próximos anos para nosso objetivo de 2%".

A economia não tem visto "muita melhora no crescimento dos salários, o que sugere alguma ociosidade no mercado de trabalho", acrescentou Yellen.

Desde dezembro, quando o banco central americano elevou a taxa de juros pela primeira vez em nove anos —para a faixa entre 0,25% e 0,50%—, o Fed tem adiado novos aumentos, por considerar que a economia americana não estava completamente fortalecida.

Nesta sexta-feira, os Estados Unidos revisaram para cima o crescimento no primeiro trimestre, para 0,8%. Foi o resultado mais fraco desde o primeiro trimestre de 2015. A última revisão será divulgada em 28 de junho. O crescimento para o quarto trimestre de 2015 foi revisado para cima, para 1,4%.


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