Folha de S. Paulo


Governo estima que deficit fiscal pode chegar a R$ 200 bilhões

O governo interino de Michel Temer estima que o deficit fiscal da máquina pública será maior do que o cálculo feito no início desta semana de R$ 150 bilhões.

Segundo previsão mais recente feita pela equipe econômica, o valor tem se aproximado do dobro da previsão de rombo feita pela administração afastada, ou seja, R$ 193,4 bilhões.

"O valor ainda não está fechado, mas pode chegar a ser um pouco maior ou menor que R$ 200 bilhões, disse à Folha o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima.

A cifra já vinha sendo citada por senadores da base aliada que se reuniram na quinta-feira (18) com o presidente interino, no Palácio do Jaburu.

O peemedebista pretende enviar a revisão da meta fiscal na segunda-feira (23) ao Congresso Nacional. O acordo definido na terça-feira (17) entre o presidente interino e o presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB-AL), é que seja convocada uma sessão congressual na próxima terça-feira (24), já que o prazo é domingo (29).

A revisão da meta fiscal e a prorrogação da DRU (Desvinculação de Receitas da União) são as prioridades estabelecidas pelo governo interino no Congresso Nacional em maio. No mês que vem, a intenção é começar a enviar as primeiras medidas econômicas.

A criação de uma nova fonte de receita para tentar diminuir o deficit público, que pode ser o retorno da CPMF ou o aumento da Cide, no entanto, deve ficar para um segundo momento.

Como o presidente interino teme um desgaste neste momento com um aumento da carga tributária, a estratégia será criar uma narrativa pública que justifique uma iniciativa neste sentido.

A ideia é reforçar o discurso de que o quadro econômico é grave e que serão necessárias medidas amargas para estabilizar a economia e voltar a gerar emprego.

Como parte desse esforço, Temer pretende fazer um esclarecimento público para mostrar o que a equipe do peemedebista chama de "inventário de problemas" herdados do governo anterior.

A ideia avaliada é apresentar a real dimensão do rombo fiscal do país, o quadro de dificuldade econômica de pastas e secretarias e elencar gastos e despesas sem receita feitos no apagar das luzes do governo petista.

Os dados completos, encomendados a todos os ministérios, devem ser entregues a Temer até o final da semana, mas o discurso deve ser feito no início de junho.

Ao revelar o que aliados do presidente interino apelidaram de "herança maldita", a intenção é criar uma espécie de vacina pública tanto às críticas da gestão anterior de que o peemedebista fará retrocessos em vitrines eleitorais petistas como às eventuais cobranças ao governo interino por uma recuperação rápida da economia.

O termo era "herança maldita" era o mesmo usado pelo PT para se referir ao governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB).


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