Folha de S. Paulo


Investidor reage com otimismo moderado ao governo Temer

Concretizado o afastamento da presidente Dilma Rousseff, uma nova alta expressiva da Bolsa vai depender do sucesso do governo do presidente interino, Michel Temer, apontam analistas. Entretanto, muitos não esperam um desempenho do mercado brasileiro na mesma proporção dos últimos meses.

As expectativas em torno do impeachment foram determinantes para que a Bolsa subisse quase 23% neste ano até o momento. É a maior valorização entre os principais índices acionários globais no período.

Em igual intervalo, o dólar caiu mais de 12% ante o real em 2016 –apesar das intervenções do Banco Central no mercado de câmbio–, o que alçou o real ao primeiro lugar no ranking mundial de valorização de moedas.

Nesta quinta-feira (12), o mercado já não reagiu com euforia, uma vez que o impeachment já estava amplamente precificado. O Ibovespa subiu 0,90%, aos 53.241 pontos. O dólar à vista subiu 0,27%, para R$ 3,4716, influenciado pelo cenário externo e pelo leilão de US$ 1 bilhão em swap cambial reverso pelo Banco Central. A operação equivale à compra futura de dólares pela autoridade monetária.

Cotação do dólar - Moeda americana à vista, em R$

"O mercado antecipou muito a mudança de governo, o que se refletiu no desempenho extraordinário do Ibovespa e na forte valorização do real", disse Alexandre Espírito Santo, economista da Órama Investimentos e professor do Ibmec/RJ.

"O que se vê agora é um otimismo comedido, com os investidores à espera das medidas que vão ser anunciadas."

Espírito Santo afirma ainda que, com a mudança de governo efetivada, a volatilidade no mercado financeiro tende a diminuir.

André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, destaca que o otimismo com o Brasil se deu também por eventos externos, como a liquidez global e a alta das commodities.

"Vivemos um momento de diminuição da aversão de risco em escala global, e isso tem favorecido emergentes."

Bolsa sobe com aprovação do impeachment - Ibovespa, em pontos

73 MIL PONTOS

Os analistas Celson Plácido e Ricardo Kim, da XP Investimentos, afirmam, em relatório, que, no melhor cenário, se o novo governo for bem-sucedido (60% de probabilidade, calculam eles), o Ibovespa tem potencial para alcançar os 73 mil pontos –atualmente, o índice está no patamar dos 53 mil pontos. Se fracassar (40%), poderá recuar para um intervalo entre 40 mil a 45 mil pontos.

Sidnei Nehme, diretor-executivo da corretora de câmbio NGO, afirma, também em relatório, que Temer "não poderá errar e comprometer o apoio atual e o que vier a receber ao longo dos 180 dias".

O economista não acredita, porém, que o dólar se mantenha em torno dos atuais R$ 3,50. Para Nehme, gradualmente a moeda americana voltará a se situar perto de R$ 4,00, o que é "mais compatível com o 'status quo' da economia do país".


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