Folha de S. Paulo


Em eventual gestão Temer, Jucá quer indicar novo presidente para a Vale

Pilar Olivares/Reuters
Prédio da Vale no centro do Rio de Janeiro: lucro da mineradora bateu expectativas
Prédio da Vale no centro do Rio de Janeiro; Jucá quer indicar novo presidente da companhia

Escolhido para comandar o Ministério do Planejamento do provável governo Michel Temer, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) quer levar a mineradora Vale para sua área de influência e participar da escolha do próximo presidente da companhia.

Jucá manifestou o desejo a outras pessoas próximas de Temer numa das discussões sobre novos nomes para o governo e para empresas estatais, segundo a Folha apurou. Aliados do senador disseram que o tema será tratado mais adiante.

Procurado, Jucá preferiu não comentar o assunto. O presidente da Vale, Murilo Ferreira, também não.

Embora seja privada, a Vale sofre forte influência dos fundos de pensão estatais Previ, Funcef e Petros, que estão no bloco de controle da empresa. Os sócios privados são Bradespar, do Bradesco, e o grupo japonês Mitsui.

A companhia tem mais de 500 mil acionistas e suas ações são negociadas nas Bolsas de Nova York e na Europa, além do Brasil.

MINA DE INVESTIMENTOS

Com um caixa bilionário, dona de minas gigantescas, ferrovias e portos, a Vale é um endereço tradicionalmente assediado por políticos, prefeitos e governadores em busca de investimentos para suas regiões.

Murilo Ferreira, foi uma escolha pessoal da presidente Dilma Rousseff –embora formalmente ele tenha sido indicado por uma empresa de recrutamento de executivos.

Ferreira, que recentemente teve seu contrato renovado até 2017, hoje tem o apoio dos acionistas, segundo a Folha apurou. Mas assumiu a Vale depois de um processo tumultuado, em 2011, depois que o executivo Roger Agnelli foi colocado para fora da companhia por pressão da presidente Dilma.

Até então próximo do governo, Agnelli caiu em desgraça depois de cortar funcionários e investimentos na crise global de 2008, contrariando pedidos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

PRESSÕES

Agnelli tinha sido indicado para o cargo pelo Bradesco, de quem era homem de confiança. Mas o banco acabou cedendo às pressões dos fundos de pensão estatais e do então ministro da Fazenda Guido Mantega.

Um acordo fechado na privatização da Vale, em 1997, prevê que o Bradesco escolha o presidente executivo da empresa, enquanto os fundos estatais são responsáveis pela nomeação do chefe do conselho de administração.

Esse acordo de acionistas vence em 2017 e sua renovação ou mudança pode mexer com o destino da segunda maior mineradora do mundo e uma das maiores do país.

Embora venha sofrendo com a queda do preço do minério de ferro, seu principal produto, a Vale planejou investimentos de US$ 5,5 bilhões (cerca de R$ 20 bilhões) para este ano.

Em meados dos anos 2000, Lula aproveitou o caixa da Vale para promover investimentos, principalmente em Estados governados por aliados. Ele convenceu a mineradora a investir na construção de siderúrgicas no Rio de Janeiro, Pará, Maranhão, Ceará e Espírito Santo. A do Rio ficou pronta e a do Ceará está para entrar em operação. As demais não saíram do papel.


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