Folha de S. Paulo


Japoneses substituem consumo de sushi por hambúrguer e filé

Thays Bittar/Divulgação
guloseimaslegenda: Na nova Burger Joint, há três opções de sanduíches (hambúrguer, cheeseburguer e double) crédito: Thays Bittar/Divulgação
Japoneses estão reduzindo consumo de sashimi e sushi, enquanto os hambúrgueres e filés continuam a ganhar popularidade no país

Os japoneses estão reduzindo seu consumo de sashimi e sushi de atum cru, enquanto os hambúrgueres e filés continuam a ganhar popularidade no país.

O total de atum congelado e fresco importado e capturado pelos pescadores do país registrou queda de 3% no ano passado, de acordo com estatísticas anuais da Organização da Agricultura e Alimentos (FAO) das Nações Unidas.

O setor pesqueiro japonês vem sendo prejudicado por uma tendência de queda de longo prazo no consumo de peixes, à medida que a geração mais jovem do país opta mais e mais pelo consumo de carne. O iene mais baixo tornou as importações dispendiosas e a concorrência do salmão, mais barato, também contribuiu para a queda na importação de atum.

"A tendência descendente se manteve para as importações de atum para sashimi no Japão", afirmou a FAO em seu mais recente relatório anual "Globefish" sobre o mercado de peixes e similares. O suprimento de atum fresco e congelado do Japão caiu a 353 mil toneladas em 2015, ante 362,8 mil no ano anterior. O ingresso de atum transportado do exterior por via aérea caiu em 21%.

"Os japoneses estão comendo menos peixe, à medida que a população do país envelhece", disse Gorjan Nikolik, analista do Rabobank. "A população mais velha era a maior consumidora mundial de peixe no planeta, mas eles vêm comendo menos, e a população mais jovem prefere a carne bovina".

O relatório da FAO também mostrou que os preços dos peixes caíram em quase 10% em 2015, com declínios nos preços do camarão, salmão e atum, as três categorias de maior valor no setor. O Japão continua a ser o maior consumidor mundial de atum em termos per capita, mas o volume de carne bovina nas mesas do país superou o de peixes em 2006, de acordo com dados da agência pesqueira do país. Os números mais recentes do Ministério da Saúde mostram que o consumo de carne bovina por pessoa é quase 30% mais alto que o de peixes e similares, e que o consumo de peixe cru caiu em 5% em 2014, em comparação com 2011.

Os preços do camarão caíram a despeito da produção mais baixa, por conta da demanda mais fraca em mercados internacionais, enquanto os preços do salmão chileno recuaram devido à feroz concorrência da Noruega. O atum chegou aos seus mais baixos preços em seis anos, em 2015, devido a uma combinação de queda na demanda, o que inclui a demanda por produtos em lata, e excesso de oferta.

A demanda estagnada por peixes e similares afetou os números do comércio externo japonês em 2015, devido ao dólar forte e à fraqueza das economias de mercado emergente. Os peixes e similares são a commodity alimentícia mais comerciada do mundo, por valor, e embora o volume tenha crescido em 0,5%, para 60 milhões de toneladas, o comércio mundial de peixes e similares caiu 10% em valor em 2015, para US$ 140 bilhões.

O impacto continuado da proibição à importação de alimentos pela Rússia afetou o mercado do salmão, enquanto a recessão no Brasil e a desaceleração no crescimento da China levaram a "enfraquecimento significativo na demanda mundial", segundo a FAO.

"Os três países passaram a estar entre os mais importantes mercados mundiais para os peixes e similares", o relatório acrescentou.

O consumo nos mercados desenvolvidos mostrou números contraditórios. As importações dos Estados Unidos caíram em valor total a despeito de uma alta de volume - com ajuda da moeda forte e dos baixos preços - enquanto na União Europeia o volume cresceu ligeiramente.

A FAO afirmou que o quadro era mais positivo na Índia e Sudeste Asiático, onde o avanço no crescimento de renda e na urbanização estavam propelindo a expansão do mercado de peixes e similares.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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