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Facebook vê ameaça para negócio no futuro com bloqueio do WhatsApp

Rodolfo Buhrer/La Imagem/Fotoarena/Folhapress
Aplicativo WhatsApp está fora do ar no Brasil por determinação judicial
Aplicativo WhatsApp ficou fora do ar no Brasil por determinação judicial

Representantes do Facebook, dono do WhatsApp, desembarcaram em peso em Brasília nesta segunda (2) para convencer deputados no Congresso a barrar um projeto que quer permitir o bloqueio de aplicativos que descumpram decisões judiciais.

O projeto de lei será apresentado caso o relatório final da CPI dos Crimes Cibernéticos seja aprovado sem mudanças. Depois de muita pressão, a votação foi suspensa nesta terça-feira (3).

Adquirido pelo Facebook, em fevereiro de 2014, o WhatsApp não dá lucro e tampouco atrai publicidade. Suspensões temporárias hoje não chegam a ameaçar o negócio.

Contudo, existe uma preocupação de que o "ambiente hostil" criado pela Justiça e pela CPI comprometam o negócio no longo prazo.

Quando decidiu desembolsar em 2014 cerca de US$ 22 bilhões pelo WhatsApp, Mark Zuckerberg, dono do Facebook, afirmou que priorizaria o "crescimento, em vez da monetização" do serviço.

O objetivo era transformá-lo em uma ferramenta de "primeira necessidade", a maior plataforma de comunicação global do mundo. Desde a aquisição, o serviço mais que dobrou em usuários e hoje conta com quase 1 bilhão.

A Folha apurou que os próximos passos preveem a integração do WhatsApp com canais de comunicação de empresas, como bancos e seguradoras, e o ingresso na publicidade –o que faria a receita explodir gerando lucro.

Para a empresa, o potencial é enorme. Mais de 70% dos usuários ficam conectados diariamente. Seria uma vitrine em tempo integral.

Hoje, o WhatsApp já garantiu a sensação de "necessidade". O deputado Raul Jungmann (PPS-PE), por exemplo, foi ao Supremo Tribunal Federal pedir o desbloqueio por considerar violação ao "direito da livre comunicação".

Na CPI, muitos deputados também passaram a defender o WhatsApp. "Estão banalizando o bloqueio de aplicativos", disse o deputado João Arruda (PMDB-PR).

Já Esperidião Amin (PP-SC), relator da CPI, considera que o Marco Civil da Internet permite o bloqueio. "Não somos nós que estamos permitindo o bloqueio", disse.


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