Folha de S. Paulo


Dólar avança para R$ 3,49 após nova atuação do BC; Bolsa recua com bancos

Fernando Frazão - 24.jul.2012/Folhapress
A queda do petróleo também pressionou a moeda brasileira

Depois de ter atingido a cotação mais baixa em nove meses na sexta-feira (29), o dólar subiu mais de 1% ante o real nesta segunda-feira (2), para o patamar de R$ 3,49. O movimento foi causado pelo leilão de US$ 2 bilhões em swap cambial reverso realizado pelo Banco Central.

A forte queda do petróleo no mercado internacional contribuiu para a depreciação no real nesta sessão. Entretanto, o dólar seguiu perdendo valor ante boa parte das moedas globais, com a percepção de que a alta dos juros americanos não deve ocorrer tão cedo.

O Ibovespa fechou em queda, em um dia de liquidez mundial mais reduzida com os feriados em Londres, China, Hong Kong e Taiwan. O índice foi pressionado principalmente pelas ações de bancos.

O dólar à vista fechou com ganho de 1,10%, a R$ 3,4906, enquanto o dólar comercial avançou 1,48%, para R$ 3,4910.

O Banco Central leiloou pela manhã todos os 40.000 contratos de swap cambial reverso propostos, que totalizam US$ 2 bilhões. A operação equivale à compra futura de dólar pela autoridade monetária.

O analista Alfredo Barbutti, analista da BGC Liquidez, destaca que a intenção do vice-presidente Michel Temer de conter a queda mais acentuada do dólar em seu eventual governo, conforme apurou a Folha, foi um fator adicional para a alta da moeda americana nesta segunda-feira.

"O mercado aproveitou a sessão para realizar os ganhos obtidos recentemente no mercado brasileiro", avalia Cleber Alessie, operador da corretora H.Commcor.

Ainda no mercado de câmbio, o governo aumentou a alíquota de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) de 0,38% para 1,10% na compra de moeda estrangeira em espécie, conforme decreto publicado no Diário Oficial da União.

Segundo analistas, a medida não chegou a ter impacto na cotação do dólar, uma vez que afeta mais pessoas físicas em viagem ao exterior.

BOLSA

O Ibovespa fechou em baixa de 0,65%, aos 53.561,53 pontos, pressionado principalmente por papéis de bancos. O volume financeiro foi baixo, de R$ 5,9 bilhões.

Itaú Unibanco PN perdeu 2,73%; Bradesco PN, -1,96%; Bradesco ON, -1,42%; Banco do Brasil ON, -2,53%; Santander unit, -1,61%.

Segundo operadores, o pedido de recuperação judicial da Sete Brasil pesou sobre o setor financeiro. A empresa de sondas deve R$ 4,9 bilhões aos bancos privados Itaú, Santander e Bradesco. Já Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal têm crédito de R$ 5,3 bilhões com a empresa.

Outro fator negativo é que o decreto que aumentou o IOF para compra de moeda estrangeira em espécie também trata de operações com debêntures vendidas por instituições financeiras, emitidas por empresa do mesmo grupo econômico.

Essas operações seguirão agora a mesma regra de tributação que já se aplica a CDBs e títulos públicos, ou seja, nas transações inferiores a 30 dias, haverá incidência de IOF de 1% ao dia.

A Receita Federal alegou que os bancos estavam usando esse tipo de título para driblar a tributação.

Essas operações seguirão agora a mesma regra de tributação que já se aplica a CDBs e títulos públicos, ou seja, nas transações inferiores a 30 dias, haverá incidência de IOF de 1% ao dia.

Segundo a Receita Federal, os bancos estavam usando esse tipo de título para driblar a tributação.

As ações PN da Petrobras recuaram 0,58%, a R$ 10,17, mas as ON ficaram estáveis em R$ 13,27. Os papéis da PNA da Vale caíram 0,69%, a R$ 15,63, e os ON subiram 0,91%, a R$ 19,87.

As expectativas de investidores em relação a um eventual governo sob Michel Temer, porém, continuam positivas, ressaltam analistas. Tanto que o CDS (credit default swap), espécie de seguro contra calote e indicador da percepção de risco do país, caía 0,70%, para 337,377 pontos.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2017 avançou de 13,600% para 13,660%; o DI para janeiro de 2021 ficou estável em 12,410%.

EXTERIOR

Na Bolsa de Nova York, o índice Dow Jones encerrou o pregão com ganho de 0,66%; o S&P 500, +0,78% e o Nasdaq, +0,88%. Analistas avaliam que o dólar mais fraco deve impulsionar as exportações americanas neste segundo trimestre.

Na Europa, a Bolsa de Londres não funcionou. A Bolsa de Paris terminou em alta de 0,31%, a de Frankfurt, +0,84%; Madri, -0,04%, e Milão, -0,97%.

Na Ásia, o índice Nikkei da Bolsa de Tóquio perdeu 3,11%, com o iene atingindo uma nova máxima em 18 meses frente ao dólar. Investidores ainda repercutem a falta de novos estímulos monetários para impulsionar a economia japonesa.

O petróleo Brent, negociado em Londres, perdia 4,67%, para US$ 45,88 o barril; em Nova York, o WTI recuava 2,22%, para US$ 44,90 o barril. O mercado reagiu ao avanço da produção da commodity no Oriente Médio.


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