Folha de S. Paulo


Dólar fecha abaixo de R$ 3,50 com exterior; Bolsa recua com bancos e NY

O dólar se desvalorizou frente à maior parte das principais moedas globais nesta quinta-feira (28), um dia após o Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) reiterar que a alta de juros americanos será gradual. A sinalização foi reforçada com a divulgação do PIB (Produto Interno Bruto) americano do primeiro trimestre abaixo das expectativas.

A moeda americana também perdeu terreno com a decisão do banco central do Japão de não anunciar novos estímulos à economia daquele país, o que pesou sobre os mercados globais e fez o iene disparar.

No mercado de câmbio doméstico, a moeda americana à vista fechou na menor cotação em pouco mais de oito meses, no patamar de R$ 3,48. Contribuiu para esse movimento o fato de o Banco Central não ter atuado mais uma vez no mercado.

O Ibovespa se manteve em alta durante a maior parte da sessão. No entanto, perdeu fôlego na reta final, acompanhando a piora de humor na Bolsa de Nova York. Além disso, a queda das ações do Bradesco por causa do balanço do primeiro trimestre acabou influenciando outros papéis de bancos.

Já os juros futuros fecharam em alta, um dia após o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central ter deixado claro que não há espaço para corte da taxa básica de juros (Selic) no curto prazo.

O dólar à vista fechou em queda de 1,84%, a R$ 3,4825, na cotação mais baixa desde 20 de agosto de 2015 (R$ 3,4616); já o dólar comercial terminou com queda de 0,68%, a R$ 3,4990.

O BC não realizou ainda nesta semana nenhuma operação de swap cambial reverso, equivalente à compra futura de dólares pela autoridade monetária. Desta forma, o comportamento do câmbio no mercado doméstico seguiu o cenário externo, já que também não houve novidades no campo político capazes de influenciar as cotações nesta quinta-feira.

Dólar à vista segue cenário externo e recua - em R$

No mercado de juros futuros, o contrato de DI para janeiro de 2017 subiu de 13,530% na véspera para 13,640%, enquanto o DI para janeiro de 2021 avançou de 12,570% para 12,700%.

O movimento ocorreu após o Copom ter reiterado que o nível alto de inflação em 12 meses não permite flexibilização da política monetária. Com isso, o mercado não espera cortes na taxa na próxima reunião do colegiado, em junho.

O CDS (credit default swap), espécie de seguro contra calote e indicador da percepção de risco do país, avançava 0,64%, aos 339,256 pontos, após dois dias de fortes quedas.

Dólar comercial volta a ficar abaixo de R$ 3,50 - em R$
BOLSA

O Ibovespa operou em alta durante a maior parte do pregão, impulsionado pelas ações da Vale, cujo balanço do primeiro trimestre veio melhor do que o esperado por analistas.

No entanto, o Ibovespa acabou seguindo a piora do humor na Bolsa de Nova York e fechou em baixa de 0,30%, aos 54.311,97 pontos. O giro financeiro foi de R$ 7,8 bilhões.

O índice foi pressionado especialmente pelas ações de bancos, após a divulgação do balanço do Bradesco.

O segundo maior banco privado do país anunciou queda de 3,8% no lucro recorrente do primeiro trimestre ante o mesmo período do ano passado, para R$ 4,113 bilhões. O número ficou abaixo das expectativas de analistas.

As ações PN do Bradesco perderam 2,05%, a R$ 26,22, e as ON caíram 1,61%, a R$ 28,57. Os papéis PN do Itaú Unibanco caíram 0,68%; e Banco do Brasil ON, -2,46%. Santander unit subiu 1,62%.

Mas o ranking de maiores quedas do Ibovespa foi liderado pelas ações da fabricante de cosméticos Natura. O papel PN perdeu 6,09%, a R$ 26,20, depois que a companhia reportou prejuízo de R$ 69 milhões no primeiro trimestre.

Os papéis PNA da Vale subiram 1,83%, a R$ 15,55, e as ON avançavam 1,74%, a R$ 19,79,

Contribuiu para a alta das ações da Vale, além do balanço do primeiro trimestre, o fato de o minério de ferro entregue em Qingdao, na China, ter subido 2,96% nesta quinta-feira, para US$ 62,90 a tonelada, após ter recuado nas quatro sessões anteriores.

No setor siderúrgico, CSN ON subiu 0,07%; Gerdau PN, -4,07% e Usiminas PNA, -4,65%.

Apesar da alta do petróleo no mercado internacional, as ações PN da Petrobras fecharam em baixa de 0,19%, a R$ 10,23 (PN), mas as ON ganharam 1,26%, a R$ 13,57 (ON).

"Além da queda dos índices em Nova York ter influenciado os negócios, os investidores aproveitam para realizar lucros na Bolsa paulista depois de dois dias de altas expressivas", avalia um operador.

No cenário político, analistas ressaltam que as perspectivas do mercado para um novo governo sob o comando de Michel Temer seguem positivas.

"Os investidores estão otimistas com o cenário político, mas ao mesmo tempo estão cautelosos, esperando a confirmação de um novo governo", comenta Alexandre Soares, analista da corretora BGC Liquidez.

EXTERIOR

Na Bolsa de Nova York, o índice Dow Jones fechou em queda de 1,17% e o S&P 500, -0,92% e o Nasdaq, -1,19%. Os índices foram pressionados pela decisão do BC japonês de não anunciar novos estímulos monetários e pelo resultado do PIB americano mais baixo que o esperado.

Além disso, as ações da Apple tombaram pelo segundo dia seguido. Nesta quarta-feira (27), os papéis da companhia caíram 6,26% por causa do balanço do primeiro trimestre; neste pregão, o gatilho para derrubar os papéis em 3,06% foi o anúncio do bilionário Carl Icahn de que se desfez de sua participação na gigante de tecnologia.

As Bolsas europeias fecharam com sinais mistos, influenciadas por resultados corporativos. Na Ásia, a maior parte dos índices acionários também fechou no campo negativo, reagindo ao BC japonês. O índice Nikkei da Bolsa de Tóquio perdeu 3,61%.


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