Folha de S. Paulo


Indústria da celulose avança com floresta mecanizada

Danilo Verpa - 5.set.2012/Folhapress
Plantação de eucalipto na indústria Fibria, na cidade de Três Lagoas, interior do MS
Plantação de eucalipto na indústria Fibria, na cidade de Três Lagoas, interior do MS

Florestas mecanizadas, irrigadas por tratores automatizados e monitoradas por drones do plantio de mudas até a colheita. A indústria brasileira de papel e celulose, cuja competitividade vem da geografia e agora do câmbio favoráveis, ganhou produtividade nos últimos anos com o investimento em tecnologia, melhora genética e modernização de fábricas.

Voltado à exportação e com os custos em reais, o setor manteve-se na liderança da indústria brasileira mesmo com o fim do ciclo de alta no preço das matérias-primas. Os primeiros percalços só chegaram neste ano, com a redução no preço da celulose de fibra curta (eucalipto), em decorrência da demanda menor da China e do aumento da capacidade de produção da indústria.

Mesmo com a apreciação do real nas últimas semanas, a indústria ainda tem folga para se manter competitiva. "O setor vinha trabalhando com um dólar entre R$ 4,20 e R$ 4,50. Mas mesmo se cair para R$ 3,50, vai continuar com um nível de rentabilidade atrativo", diz Viccenzo Paternostro, analista do banco Credit Suisse.

Em fevereiro, as exportações cresceram 48% em relação ao mesmo período do ano passado. De janeiro a fevereiro, a alta foi de 25,6%.

"Muita gente acha que é só questão de clima e solo; dizem que o Brasil é abençoado. A verdade é que a indústria investe muito no setor, em tecnologia, mecanização e genética", diz Paternostro.

A partir da modernização de uma máquina de papel e com um investimento de R$ 30 milhões, a Suzano iniciou, no ano passado, a produção de celulose tipo fluff, utilizada para a produção de fraldas e absorventes.

Em março, a Klabin colocou em operação a Unidade Puma, no Paraná, com capacidade para produzir 1,5 milhão de toneladas de celulose ao ano, entre fibra curta e fibra longa (pínus).

A celulose fluff é um nicho com perspectiva alta de crescimento devido a melhora na renda e a urbanização do Brasil. O país importa cerca de 400 mil toneladas de fluff, mas, com o projeto da Klabin, ficará autossuficiente.

Marcelo Castelli, presidente da Fibria, disse que a empresa monitora nichos como o de fluff, mas que "é preciso ter cuidado com um mercado que não é tão grande", para não haver excesso de oferta.

Diversificar a receita com produtos renováveis está nos planos da empresa. Segundo Castelli, a intenção é, em complemento à exploração da celulose, transformar a biomassa florestal em produtos renováveis, como biocombustíveis e bioquímicos.

No final de 2017, a Fibria deve concluir sua nova linha operacional, que terá capacidade de 1,75 milhão de toneladas de celulose por ano. O projeto Horizonte 2, que recebeu investimento de R$ 8,7 bilhões para ampliar a unidade de Três Lagoas (MS), deve elevar a capacidade total de produção da Fibria dos atuais 5,3 milhões de toneladas por ano para 7 milhões de toneladas por ano.

A cidade abriga ainda a construção da nova fábrica da Eldorado, o projeto Vanguarda 2.0, um investimento de R$ 10 bilhões com capacidade prevista para 2,5 milhões de toneladas por ano.

A empresa, que tem apenas três anos, saltou de um prejuízo de R$ 419 milhões em 2014 para um lucro líquido de R$ 280,6 milhões em 2015, o primeiro da história da empresa.

Segundo José Carlos Grubisich, presidente da Eldorado, não há estratégia para diversificação da produção no momento, mas a empresa investe em mecanização e tecnologia. A Eldorado usa drones para o monitoramento florestal, reduzindo levantamentos feitos em campo de até três dias para algumas poucas horas.


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