Folha de S. Paulo


Eventual governo Temer mantém Bolsa em alta, mas dólar avança

Apesar da cautela externa com o comunicado que o Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) divulgará na tarde desta quarta-feira (27) sobre o rumo dos juros americanos, o Ibovespa opera em alta de mais de 1%.

Predomina no cenário doméstico o otimismo com o virtual governo sob o comando do atual vice-presidente Michel Temer (PMDB). O dólar, no entanto, está em alta ante o real, após ter recuado nas duas sessões anteriores.

"O mercado está gostando dos nomes que têm sido sondados para compor o governo Temer, como o do ex-presidente do BC Henrique Meirelles, afirma Ari Santos, gerente de renda variável da corretora H.Commcor. "Além disso, para dar sequência à governabilidade do país, o vice-presidente está se preparando para assumir a Presidência do país já com um plano de atuação definido, o que tem agradado aos investidores."

Santos diz ainda que o aceno de que o PSDB apoiará Temer também é outro fator de otimismo, "porque assim o novo governo será mais coeso".

Além disso, o mercado dá como certa a aprovação do impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) no Senado.

O Ibovespa operava há pouco em alta de 1,56%, aos 53.908,08 pontos. As ações da Petrobras subiam 2,48%, a R$ 9,91 (PN) e 2,19%, a R$ 13,06 (ON), ajudadas pela alta do petróleo no mercado internacional.

Apesar da queda do minério de ferro na China, as ações PNA da Vale subiam 0,60%, a R$ 14,90, e as ON ganhavam 1,65%, a R$ 19,00.

O setor financeiro também exibia altas expressivas: Itaú Unibanco PN (+2,70%); Bradesco PN (+3,05%); Banco do Brasil ON (+2,98%); Santander unit (+2,47%); e BM&FBovespa ON (+2,50%).

Sobre o Santander, o lucro recorrente do banco no Brasil subiu 1,7% no primeiro trimestre ante o mesmo período de 2015, para R$ 1,66 bilhão.

DÓLAR E JUROS

Pela terceira vez seguida, o Banco Central não anunciou leilão de swap cambial reverso, equivalente à compra futura de dólares pela autoridade monetária.

Mesmo assim, a moeda americana à vista subia há pouco 0,36%, a R$ 3,5392; o dólar comercial ganhava 0,56%, a R$ 3,5400, com os investidores à espera da decisão de política monetária do Fed.

Também nesta quarta-feira, o Copom (Comitê de Política Monetária) do BC anuncia o novo patamar da taxa básica de juros (Selic).

A expectativa é de manutenção das taxas tanto nos EUA quanto no Brasil, mas o mercado quer ver as sinalizações para os juros nos próximos meses contidas nos comunicados das autoridades monetárias.

Os juros futuros operam em alta no curto prazo e em queda na ponta mais longa. O contrato de DI para janeiro de 2017 avançava de 13,545% para 13,605%, enquanto o DI para janeiro de 2021 recuava de 12,760% para 12,700%.

O CDS (credit default swap), espécie de seguro contra calote e indicador da percepção de risco do país, perdia 1,17%, para 344,073 pontos, refletindo o otimismo com o cenário doméstico.

EXTERIOR

Na Bolsa de Nova York, o índice Dow Jones recuava 0,17%; o S&P 500, -0,33% e o Nasdaq, -0,93%, pressionados pelo balanço da Apple primeiro trimestre e no aguardo da decisão de política monetária do Fed.

Na Europa, as Bolsas operavam majoritariamente em alta, em meio a uma série de resultados corporativos mistos.

Na Ásia, as Bolsas fecharam em queda, com os investidores cautelosos em relação às decisões de política monetária do Fed, nesta quarta-feira, e do Banco do Japão, nesta quinta (28).


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