Folha de S. Paulo


Bolsa sobe 2,35% com possível ida de Meirelles para a Fazenda; dólar recua

Luiz Carlos Murauskas/Folhapress
O ex-presidente do BC seria o nome preferido por Temer para assumir a Fazenda

O mercado financeiro se animou com a possibilidade de o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles assumir o Ministério da Fazenda em um governo sob o comando do atual vice-presidente Michel Temer.

O Ibovespa subiu 2,35%, acima dos 53.000 pontos, enquanto o dólar caiu para o patamar de R$ 3,52, ajudado também pelo cenário externo mais favorável e pela ausência de atuação do BC no mercado de câmbio pelo segundo dia seguido.

Os investidores seguem de olho no andamento do processo de impeachment presidente Dilma Rousseff no Senado. Porém, como a eventual saída de Dilma do poder já está precificada pela maior parte do mercado, o foco principal passou a ser a montagem do governo Temer.

"Os nomes fortes que vêm sendo ventilados para compor o governo Temer, mais o possível apoio do PSDB, trazem otimismo aos investidores", afirma Luis Gustavo Pereira, estrategista da Guide Investimentos.

O nome de Meirelles seria o preferido de Temer para assumir a pasta da Fazenda. "Os mercados gostaram de Henrique Meirelles cada vez mais forte para ser o próximo ministro da Fazenda, com amplos poderes e apoio do presidente, situação que Joaquim Levy não conseguiu capturar com Dilma", escreveu Alvaro Bandeira, economista-chefe da Home Broker Modalmais.

O principal índice da Bolsa paulista fechou em alta de 2,35%, aos 53.082,50 pontos. Foi a maior alta entre as principais Bolsas globais. O giro financeiro, no entanto, foi baixo: R$ 6,3 bilhões.

As ações da Petrobras ganharam 3,64%, a R$ 9,67 (PN) e 3,39%, a R$ 12,78 (ON), impulsionadas pela alta do petróleo.

No setor financeiro, Itaú Unibanco PN subiu 3,47%; Bradesco PN, +3,60%; Banco do Brasil ON, +4,57%; Santander unit, +1,10%; e BM&FBovespa ON, +0,29%.

As ações da Vale iniciaram a sessão em baixa, com a nova queda do preço do minério na China, mas inverteram o sinal ainda pela manhã. O papel PNA da mineradora ganhou 4,59%, a R$ 14,81, e Vale ON, +3,49%, a R$ 18,69.

CÃMBIO E JUROS

O dólar à vista fechou em queda de 0,55%, a R$ 3,5266, enquanto o dólar comercial recuou 0,81%, a R$ 3,5200.

O Banco Central não realizou, pelo segundo dia seguido, leilão de swap cambial reverso, equivalente à compra futura da moeda americana pela autoridade monetária.

Analistas avaliam que, quando a moeda americana se aproximar ainda mais da cotação de R$ 3,50, o BC deve voltar a anunciar leilão de swap cambial reverso.

Outro fator de baixa para o dólar foi o otimismo do mercado com a composição do virtual governo Temer. "O nome de Henrique Meirelles agrada ao mercado porque ele é respeitado tanto no Brasil quanto no exterior e tem bagagem suficiente para comandar bem a Fazenda", comenta Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora.

A queda do dólar ante o real também foi influenciada pela fraqueza da moeda americana em outros países.

Na véspera do anúncio do Copom (Comitê de Política Monetária) sobre o patamar da taxa básica de juros (Selic), o contrato de DI para janeiro de 2017 subiu de 13,485% para 13,545%, e o DI para janeiro de 2021 avançou de 12,750% para 12,760%. A expectativa do mercado é de manutenção da Selic em 14,25% ao ano.

O CDS (credit default swap), espécie de seguro contra calote e indicador da percepção de risco do país, recuou 3,51%, para 348,126 pontos.

Os homens de Temer

EXTERIOR

O petróleo operava em alta, após o tombo desta segunda-feira (25). O petróleo Brent, negociado em Londres, avançava 2,99%, para US$ 45,81 o barril; em Nova York, o petróleo tipo WTI ganhava 3,31%, a US$ 44,05 o barril.

O dólar recuou ante a maior parte das moedas pelo segundo dia seguido, com o mercado avaliando que é praticamente nula a chance de o Fed (Federal Reserve, o BC dos EUA) elevar nesta quarta-feira (27) as taxas de juros americanas.

Na Bolsa de Nova York, porém, os índices fecharam perto da estabilidade, à espera da reunião do Fed, que deve dar sinais sobre o rumo dos juros americanos nos próximos meses.

O índice Dow Jones fechou em alta de 0,07%; o S&P 500, +0,19% e o Nasdaq, -0,15%.

Os índices acionários americanos foram afetados ainda pelas estimativas de resultados corporativos do primeiro trimestre mais fracos do que o esperado. Além disso, as encomendas de bens duráveis nos EUA cresceram em março menos do que o previsto.

Na Europa, as Bolsas fecharam com sinais mistos: Londres (+0,38%); Paris (-0,28%); Frankfurt (-0,34%); Madri (+1,56%) e Milão (+1,45%).

Na Ásia, a maioria das Bolsas subiu, mas a de Tóquio caiu 0,49%. Há dúvidas se o banco central do Japão, que se reúne nesta quarta e quinta-feira, anunciará mais estímulos monetários.


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