Folha de S. Paulo


Acordo para congelar produção de petróleo fracassa

Um acordo para congelar os níveis de produção de petróleo entre países da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) e não membros da entidade foi desmantelado neste domingo (17) depois que a Arábia Saudita exigiu a participação do Irã, apesar dos apelos para que Riad mantivesse o acordo e ajudasse a levantar os preços do petróleo.

O impasse deve reviver o temor da indústria de petróleo de que os grandes produtores embarquem novamente em uma batalha por fatia de mercado, especialmente depois que a Arábia Saudita ameaçou aumentar a produção de forma abrupta caso o acordo de congelamento não fosse selado.

Cerca de 18 países, incluindo a Rússia, que não faz parte da Opep, se reuniram na capital do Qatar, Doha, para selar o acordo que estava em preparação desde fevereiro para estabilizar a produção aos níveis de janeiro até outubro de 2016.

Mas a Arábia Saudita, líder de fato da Opep, disse aos participantes que gostaria que todos os membros da organização participassem do congelamento, incluindo o Irã, que estava de fora do acordo.

Teerã se recusou a estabilizar a produção, pois almeja retomar fatia de mercado depois que as sanções do Ocidente contra o país foram suspensas em janeiro.

Após cinco horas de discussão ríspida entre Arábia Saudita e Rússia sobre a preparação de um comunicado, delegados e ministros anunciaram que o acordo não seria fechado.

"Nós precisamos de mais tempo para chegar a um acordo entre todos os membros da Opep para que os principais produtores congelem a produção, o que pode ocorrer até junho", afirmou uma fonte da Opep.

O fracasso do acordo pode frear a recente recuperação nos preços do petróleo.

"Sem o acordo de hoje, a confiança dos mercados na capacidade da Opep em alcançar qualquer instrumento de equilíbrio na oferta vai diminuir, e ela já era certamente baixa para os mercados de petróleo nos quais os preços se mantinham estáveis esperando que o acordo fosse selado", disse o analista Abhishek Deshpande, da Natixis.

O petróleo tipo Brent, referência no mercado internacional, subiu para cerca de US$ 45 por barril, um acréscimo de 60% em relação às baixas de janeiro, devido a um onda de otimismo de que o acordo iria ajudar a resolver o excesso de oferta que fez os valores despencarem desde meados de 2014.


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