Escolas e pais têm aumentado a demanda por bonecos fora dos padrões da indústria, com características com as quais as crianças possam se identificar.
Mas ampliar a produção, majoritariamente artesanal, ainda é desafio para os empreendedores do setor.
Marcia de Oliveira, 56, é professora. Começou por acaso a produzir bonecos de pano estilizados. "Eu leciono em escola pública e fiz bonecos negros para falar sobre racismo", conta.
Os bonecos chamaram a atenção, e Oliveira passou a receber pedidos de outros colégios e de pessoas em busca de um presente diferente.
"Comecei a fazer bonecas negras menos estereotipadas, sem grandes lábios vermelhos", conta a artesã.
Hoje, ela trabalha com bonecos de diversas etnias e também com deficiência física. Cada um custa entre R$ 80 e R$ 100.
TENDÊNCIA
A procura por bonecos que espelhem características das crianças deve crescer, diz Maria Angela Barbato Carneiro, coordenadora do núcleo de pesquisa sobre o brincar da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo).
"É um fenômeno mundial. Reflete ainda uma aceitação maior por parte da sociedade de crianças que apresentam deficiências físicas", diz.
Prestes a se aposentar, Oliveira quer se dedicar apenas ao negócio e aumentar a produção de suas bonecas.
"Sozinha, não consigo lidar com toda a demanda", afirma a artesã.
Conseguir uma escala maior, contudo, pode ser um desafio, diz Francisco Guglielme Júnior, professor da FGV (Fundação Getulio Vargas). "É da própria natureza do negócio artesanal", explica o professor.
Janine Gabriele, 36, também tenta aumentar a produção da Leloo Bonecaria.
Segundo ela, a demanda crescente por bonecas estilizadas vem principalmente de mães ou tias.
"Já recebi pedidos de bonecas orientais e de uma com o cabelo bastante cacheado, que uma tia queria dar para a sobrinha para fazer a mãe da criança desistir de alisar o cabelo dela", conta.
Esse tipo de encomenda representa 40% dos pedidos mensais da Leloo. As bonecas de pano custam a partir de R$ 80 e são feitas apenas sob encomenda.