Folha de S. Paulo


Escolas de programação querem ser populares como curso de inglês

O apelo dos computadores e celulares para as crianças vai além do consumo de jogos e aplicativos. O público infantil está cada vez mais interessado em produzir tecnologia.

De olho nesse nicho, pequenos empresários investem em escolas de programação e robótica para crianças a partir dos seis anos.

"Essas aulas vão se tornar tão comuns como as de inglês", diz Jayme Nigri, um dos sócios da escola Futura Code.

Raquel Cunha/Folhapress
Victor Kenzo, 12, é aluno do curso de robótica da SuperGeeks, em São Paulo
Victor Kenzo, 12, é aluno do curso de robótica da SuperGeeks, em São Paulo

Criada em 2015, a instituição oferece aulas de robótica, desenvolvimento de aplicativos, jogos 2D e Minecraft, um dos jogos de computador mais populares entre jovens.

O jogo, por sinal, é o principal chamariz da escola para os estudantes, 70% deles meninos.

A mensalidade na empresa, localizada no bairro de Perdizes, na zona oeste de São Paulo, custa R$ 320.

"Eu sempre curti games, mas agora estou aprendendo como se fazem os códigos de programação", diz Lucas Gagliano, 14, que há um ano frequenta a Futura Code.

Segundo Nigri, a empresa recebeu R$ 500 mil de investidores e encerrou o primeiro ano de atuação com faturamento de R$ 200 mil.

Neste ano, os planos são inaugurar mais duas unidades próprias e duas franquias.

O investimento para ser um franqueado da Futura Code será em torno de R$ 300 mil.

NAS ESCOLAS

A MadCode, fundada em 2014, investe no modelo de parcerias com colégios como o britânico St Paul's, em São Paulo, no qual o ensino de programação é obrigatório.

"Ter facilidade com iPhone e iPad não faz de ninguém um nativo digital. É preciso alfabetizar as crianças digitalmente", afirma Daniel Cleffi, um dos sócios da empresa.

A mensalidade na MadCode varia entre R$ 320 e R$ 380. São seis unidades próprias, quatro em São Paulo e duas no Rio de Janeiro.

Cleffi não revela o faturamento. Para julho, está formando uma turma de intercâmbio com o Vale do Silício, onde se concentram as principais empresas de tecnologia nos Estados Unidos.

"Se Mark Zuckeberg não tivesse aprendido a programar aos 12 anos, talvez hoje o Facebook não existisse", especula o empresário.

Foi uma temporada de seis meses no Vale do Silício que levou o empreendedor Marco Giroto a inaugurar a SuperGeeks, em 2014, em uma sala na Vila Mariana, zona sul de São Paulo.

O investimento inicial, de R$ 21 mil, veio da matrícula dos primeiros 70 alunos. "Em duas semanas, compramos computadores e imprimimos o material", conta Giroto.

Raquel Cunha - 9.abr.2016/Folhapress
O fundador e diretor da Supergeeks, Marco Giroto, 36, em um dos laboratórios de programação
O fundador e diretor da Supergeeks, Marco Giroto, 36, em um dos laboratórios de programação

Um módulo semestral custa cerca de R$ 1.500.

Segundo Giroto, o maior desafio é convencer os pais de que as aulas não são só por diversão. "A programação será fundamental em todas as profissões", afirma.

A empresa fatura R$ 77 mil mensais. A rede tem 19 escolas franqueadas e vai inaugurar mais dez em julho.

O investimento para se tornar um franqueado da SuperGeeks varia entre R$ 150 mil e R$ 200 mil.

O consultor de negócio do Sebrae-SP Fabrício Guilherme diz que a aposta em um nicho pouco explorado oferece a vantagem de sair na frente da concorrência.

Por outro lado, ressalta Guilherme, há muita incerteza sobre o potencial de crescimento desse mercado.

"O principal desafio é mostrar ao seu público-alvo a importância do serviço. Mostrar aos pais que a tecnologia está em tudo", afirma.


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